A bússola quântica nos olhos de alguns pássaros permite que eles sejam mais precisos do que um GPS

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Anonim

Pássaros são capazes de viajar milhares de quilômetros durante sua migração para chegar a locais específicos. Fazem-no para evitar as intempéries e para dispor de diferentes recursos. No entanto, a questão permaneceu sobre como eles foram capazes de identificar suas rotas de voo. Atualmente sabe-se que os pássaros carregam uma espécie de bússola nos olhos que os ajuda a se orientar.

O campo magnético da Terra é o que permite que as bússolas sejam orientadas e reconheçam a localização do norte. Este fato tem sido amplamente utilizado pelo homem graças à sua capacidade de criar ferramentas.Por esse motivo, é surpreendente que as aves tenham conseguido desenvolver um mecanismo semelhante a partir de suas características biológicas. Continue lendo este espaço e saiba mais sobre essa incrível capacidade.

Perfect Migration Routes

A migração de pássaros é uma ocorrência comum no reino animal, conforme relatado e revisado por vários especialistas da área. Esse movimento pode ser tão mínimo quanto variar a altitude em que os organismos vivem. De qualquer forma, o mais impressionante é aquele que envolve percorrer grandes distâncias para chegar até a outros continentes.

O fenômeno não consiste apenas em passar de um habitat para outro, mas às vezes sua rota migratória também tem certas “paradas”. Isso significa que as aves detectam locais onde podem descansar por um momento e depois retomam o voo até o destino final. Esse planejamento é quase perfeito, pois em alguns casos eles modificam suas características fisiológicas para conseguir o cumprimento de seu itinerário.

É claro que esses animais incríveis usam alguma estratégia de orientação, caso contrário não conseguiriam chegar a lugares tão distantes. Além disso, na maioria dos casos, os espécimes voam por essas rotas sem tê-las percorrido anteriormente, portanto é impossível que o façam sem a ajuda de seu organismo.

Como as aves se orientam durante suas rotas migratórias?

Por muito tempo, tentou-se explicar o mecanismo pelo qual as aves podiam se orientar durante seus voos. Entre as hipóteses mais relevantes estava sua potencial capacidade de detectar os campos magnéticos da Terra, o que parecia fantasioso, já que não havia evidências suficientes para sustentá-la.

Em 2021, um estudo científico publicado na revista Nature detectou pela primeira vez uma proteína nos olhos das aves com capacidade de registrar campos magnéticos (como uma bússola).Isso é chamado de criptocromo 4 (CRY4) e é sensível à luz, mas certas modificações (encontradas apenas em espécies migratórias) o transformam em uma "bússola quântica" .

O termo “quântico” é usado devido à forma como essa proteína é ativada, pois a luz induz um desemparelhamento de elétrons que forma um mini campo magnético. Graças a isso, os pássaros podem “sentir” o norte magnético como uma bússola e podem se localizar com mais eficiência do que o GPS feito pelo homem.

Embora isso pareça responder à grande incógnita da bússola que as aves migratórias possuem, a realidade é que é apenas o começo da explicação. O estudo em questão não contempla todos os migrantes, pelo que não pode ser generalizado. Consequentemente, estudos ainda são necessários para confirmar o mesmo em muitas espécies.

Uma ótima lembrança também ajuda

Como mencionado acima, as aves utilizam um grande número de estratégias que lhes permitem localizar-se durante suas rotas migratórias.Outro dos mecanismos incríveis que foram reconhecidos em 2021 foi sua grande capacidade de memória espacial. Isso significa que eles têm a capacidade de lembrar a rota e a distância de cada uma de suas trajetórias.

Essa habilidade permite que os pássaros se lembrem da direção de seus voos como se tivessem um mapa. Além disso, também lhes dá a possibilidade de modificá-lo caso haja uma nova área mais propícia à sua migração. Portanto, eles só precisam percorrer sua rota migratória uma vez para não esquecê-la enquanto viverem.

Tudo isso é determinado pelo gene ADCY8. De acordo com um estudo publicado na Nature, o genoma das aves parece estar intimamente relacionado à sua capacidade de determinar suas rotas migratórias. Essa adaptação é essencial, pois viagens mais longas seriam quase impossíveis sem ter um registro (na memória) das viagens.

Mudanças climáticas e rotas migratórias

Apesar das incríveis habilidades que as aves têm demonstrado, deve-se levar em conta que tudo é mediado pelas condições climáticas. É importante lembrar que a migração visa oferecer um melhor habitat para as espécies e maior disponibilidade de recursos. Portanto, as aves podem modificar sua migração devido às mudanças climáticas.

Isso implica que, se você entender como os pássaros determinam suas próprias rotas de voo, poderá tentar prever como as mudanças climáticas os afetarão. Além disso, podem ser definidos locais-chave que promovam a conservação das espécies. Cada avanço que se dá na descoberta das incógnitas que esses animais ainda possuem nos permite entender sua biologia e propor novas formas de ajudá-los no futuro.