Lula Morango: O Invertebrado Mais Bonito

Entre 300 e 1000 metros de profundidade habita o gênero das lulasHistioteuthis, grupo de cefalópodes ao qual pertence a lula morango, assim chamada pela cor rosa brilhante de sua pele.

Nas profundezas do oceano você pode encontrar as espécies mais peculiares que desconhecemos completamente. Os invertebrados marinhos formam um grupo taxonômico muito grande e muitas de suas espécies estão ameaçadas por atividades humanas como poluição e pesca, principalmente aquelas que vivem nas camadas mais rasas.

Como reconhecer a lula morango?

Histioteuthis heteropsis é o nome científico dessa espécie que habita as águas do Pacífico, ao longo da costa sul da Califórnia.Costuma estar nas profundezas mesopelágicas (entre 200 e 1.000 metros abaixo da superfície) durante o dia e sobe ao anoitecer para se alimentar.

O tamanho máximo que foi capturado não ultrapassa 13 centímetros de comprimento, seus braços são longos e robustos, com manto curto e pequenas barbatanas arredondadas em ambos os lados da cabeça. O mais característico desta espécie, além de sua cor viva, são seus olhos assimétricos.

Fotóforos produzem cor de morango

A intensa cor rosa da lula morango é produzida pelos fotóforos em sua pele, que consistem em pequenos aglomerados de células especializadas que emitem luz. Esse fenômeno é conhecido como bioluminescência.

A bioluminescência pode ocorrer de diversas formas; pela associação com bactérias simbióticas que produzem luz ou aquela gerada por órgãos localizados próximos à superfície do corpo, como é o caso das lulas.

A lula morango e outros cefalópodes contêm em seus fotóforos células chamadas fotócitos, que produzem uma substância chamada luciferina, que produz luz quando oxidada.

Os fotócitos podem ser agrupados em arranjos mais ou menos complexos, criando diferentes padrões de luz dependendo da espécie, direcionando a luz em uma direção, expandindo-a, concentrando-a ou variando a cor.

A lula vesga

Outra das características mais reconhecíveis da lula morango são seus olhos. O olho direito deste animal é muito maior que o esquerdo. Essa assimetria está presente em todo o gênero.

O olho direito é de tamanho normal, redondo, azul e fenda; enquanto o olho esquerdo tem pelo menos duas vezes o diâmetro do olho direito, é tubular, de cor amarelo-esverdeada, aponta para cima e se projeta para fora da cabeça.

A explicação para essa curiosa anatomia pode estar em seu modo de vida. A lula morango faz movimentos verticais de cerca de 400 metros ao longo do dia. Durante a noite percorre esta distância em direção à superfície e durante o dia em direção a áreas mais profundas.

Depois de observar esse comportamento em mais de 150 horas de gravação, a equipe de pesquisadores da Duke University, liderada pela bióloga Kate Thomas, chegou à conclusão de que cada olho é especializado em diferentes tarefas.

Ambos os olhos evoluíram para detectar diferentes fontes de luz para que pudessem detectar predadores e presas no oceano profundo.

O olho grande (à esquerda) se adaptou para olhar para cima e distinguir a sombra das criaturas marinhas contra o reflexo mais brilhante da superfície, mesmo quando a luz que atinge essa área é fraca.

Em contraste, o olho menor (direito) olha para baixo na área mais escura e é adaptado para detectar a bioluminescência produzida por outras presas e animais predadores conforme eles se movem.

Esta teoria explicaria a diferente anatomia e orientação dos olhos da lula morango e seus congêneres. Em todos os momentos, o olho esquerdo está voltado para cima e o olho direito está voltado para baixo.

Outras lulas coloridas

Em um ambiente onde a luz solar não chega, a seleção natural adaptou os seres vivos à escuridão. Produzir e detectar luz é a chave para comer e evitar ser comido.

A lula morango é reconhecida por essa característica, mas não é a única com coloração tão marcante. As profundezas dos mares e oceanos contêm criaturas incríveis que ainda não conhecemos.

A lula Dana (Taningia danae) é capaz de emitir clarões ofuscantes para desorientar suas presas. Heteroteuthis dispar esguicha tinta brilhante quando ameaçado, e a famosa lula pirilampo do Japão (Watasenia scintillans) faz um show de luzes na Baía de Toyama todos os anos durante a época de reprodução.

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