Ver animais com pessoas nos faz acreditar que são abundantes

O uso de animais em anúncios e filmes é generalizado e, embora se saiba que normalmente esses animais não são bem cuidados, os efeitos de ver casos de animais com pessoas na televisão são desconhecidos.

Uma espécie interessante para estudar isso é o chimpanzé (Pan troglodytes), por ser uma espécie amplamente utilizada em filmes e televisão nos últimos anos, apesar do enorme grau de ameaça representado pela liberdade.

Os chimpanzés estão ameaçados?

Apesar de seu grau de ameaça na natureza, os chimpanzés ainda são animais usados como animais de estimação nos Estados Unidos e em outros países. Muitos cientistas alertam que ver animais ao lado de pessoas ou imitá-los pode levar a pensar que eles estão menos ameaçados ou que são bons animais de estimação.

Em 2005, uma pesquisa foi realizada no Lincoln Zoo, onde uma das perguntas era quais espécies de grandes primatas estavam mais ameaçadas. A grande maioria dos entrevistados concordou que gorilas (95%) e orangotangos (91%) foram ameaçadosMas apenas 66% dos entrevistados acham que os chimpanzés foram ameaçados.

Quando essas mesmas pessoas foram informadas de que as três espécies estavam ameaçadas, as razões por trás da diferença nas respostas dos chimpanzés foram questionadas. Um terço dos inquiridos fez referência à sua presença em filmes ou televisãoPortanto, ver animais com pessoas nesses meios de comunicação pode afetar sua percepção. Uma pesquisa semelhante conduzida em Great Ape Trust em Iowa, obteve resultados semelhantes.

Como as imagens afetam nossa percepção?

Em 2011, um estudo liderado por Stephen R. Ross tentou demonstrar com ainda mais evidências como ver animais com pessoas nos faz acreditar que eles são mais adequados como animais de estimação e menos ameaçados. Por isso, os entrevistados viram 48 imagens diferentes combinando origens diferentes (como um chimpanzé em um sofá ou um chimpanzé na selva), e o chimpanzé poderia estar vestido com ou sem roupa, acompanhado ou não por pessoas.

Após mostrar algumas dessas imagens aos respondentes, foram feitas duas perguntas: uma se referia ao estado de conservação do chimpanzé e a outra à sua manutenção como animal de estimação.

O trabalho mostrou que ver animais com pessoas fez os entrevistados pensarem que eram menos ameaçados e eram bons animais de estimação. Embora o efeito do fundo não tenha sido tão significativo, é verdade que a presença de um chimpanzé em uma casa fez os entrevistados pensarem que eles eram mais adequados como animais de estimação.

O efeito dos anúncios

No mesmo ano, uma equipe da Duke University tentou mostrar como o uso de chimpanzés em anúncios também influencia sua conservação. Neste estúdio, 165 pessoas viram três pontos comerciais: um era a conservação de chimpanzés, outro usava chimpanzés para entretenimento e outro era uma gravação dos chimpanzés em seu habitat.

Neste trabalho, os pesquisadores viram como aqueles que viram o anúncio da conservação eram os mais propensos a sugerir que os chimpanzés foram ameaçados e não eram animais de estimação, seguidos por aqueles que viram o vídeo dos chimpanzés em seu habitat.

Por fim, aqueles que viram chimpanzés se comportando como gente, em anúncios em que se vestiam e os animais podiam ser vistos interagindo com as pessoas, foram menos propensos a compreender esses conceitos. Os participantes foram pagos e tiveram a opção de doar para a conservação desta espécie, algo que foi feito principalmente por aqueles que viram os anúncios de conservação.

Por meio desses mecanismos, não apenas as campanhas de televisão podem afetar o quanto pensamos que os animais estão ameaçados: a selfies com animais ou interações desnecessárias com eles podem transmitir a mesma mensagem e prejudicar a conservação da vida selvagem.

Você vai ajudar o desenvolvimento do site, compartilhando a página com seus amigos

wave wave wave wave wave