Todas as migrações têm algo em comum, desde os grandes movimentos aquáticos das baleias até os de pequenos pássaros como a andorinha e enormes grupos de mamíferos terrestres como o elefante.
Chega uma hora, a cada ano, em que todos esses animais migratórios partem e percorrem milhares de quilômetros, sempre chegando ao mesmo destino. Por que eles fazem isso? Qual é o sentido evolucionário de se expor ao perigo e desperdiçar energia ao viajar distâncias tão grandes? Aqui, tentamos explicar por que as baleias migram.
Migração de baleia
As baleias são os mamíferos que realizam as migrações mais longas do planetaEstima-se que possam viajar até mais de 25.000 quilômetros no caso das baleias cinzentas e 18.000 quilômetros no caso das baleias jubarte.
Grupos de baleias viajam para altas latitudes durante os meses de junho a julho, áreas onde encontram uma boa fonte de alimento e migram para baixas latitudes nos meses de janeiro a fevereiro, quando se acasalam.
Existem muitas espécies diferentes de baleias e ainda hoje existem registros surpreendentes das distâncias que percorrem e dos lugares que escolhem. Passando grande parte de sua vida submerso, a biologia completa não é exatamente conhecida das diferentes espécies.
Por que as baleias migram?
Não há um consenso claro quando se trata de justificar por que diferentes espécies de baleias mudam para latitudes mais altas em busca de alimento e para latitudes mais baixas para se reproduzir. já que a maior disponibilidade de alimentos não corresponde à data da migração.
Existem diferentes teorias que tentam esclarecer esse fato, por exemplo, a menor presença de predadores, mas ultimamente uma teoria mais inovadora foi lançada:
Se crê que a maioria das baleias, golfinhos e botos substituem continuamente sua pele e que a temperatura da água influencia muito este fenômeno.
Se isso já nos parece surpreendente, nos surpreende ainda mais que um comportamento muito particular tenha sido observado em algumas espécies da Groenlândia. Essas baleias escovam intencionalmente a pele contra as rochas, como forma de esfoliar a epiderme, livrando-a das células mortas.
Os pesquisadores observaram como nas águas frias da Antártica, as baleias assassinas não conseguem se livrar da epiderme. Estando em um ambiente tão frio, eles devem manter a temperatura corporal e o fluxo sanguíneo é retirado da epiderme para o corpo. Ao migrar para águas mais quentes, esse fluxo é restaurado para a epiderme e ocorre a renovação.
Migre para manter a pele saudável
Existem outros fatores que afetam diretamente a proteção da pele, como o revestimento de diatomáceas. As diatomáceas são algas microscópicas e uma espécie muito comum se prolifera na Antártica que cobre a pele dos cetáceos, o Bennetella ceticola.
Esse filme de diatomáceas, por sua vez, acumula altas concentrações de bactérias, que podem ser prejudiciais e, portanto, é necessário eliminá-las. Assim, as baleias assassinas migram para os trópicos recobertas por essa película de diatomáceas, lá fazem a muda, desprendem-se e voltam com a pele “limpa” às águas da Antártica.
Por mais surpreendente que nos pareça, a pele é a primeira barreira contra doenças e infecções em animais e seu cuidado influencia diretamente a saúde, portanto, não é um motivo desprezível para viajar longas distâncias.
Como as baleias sabem qual é a melhor época para migrar?
Os seres vivos possuem um "relógio interno" que define o ritmo dos diferentes parâmetros biológicos. a que estamos sujeitos. De pequenos ritmos como digestão ou respiração aos ciclos claro-escuro, o ciclo lunar e, claro, o momento da migração.
Esse relógio é uma estrutura encontrada no cérebro dos mamíferos e é sincronizado com sinais externos como temperatura, horas de sol, comida disponível, presença de predadores e outros fatores extrínsecos.
Esses sinais têm a capacidade de reajustar seu relógio biológico e levar o animal a migrar ou ficar mais tempo no local onde está. O relógio biológico explica porque as baleias sempre migram na mesma época do ano.