Que os cães sigam seus tutores em todos os lugares é algo que nós, humanos, consideramos natural. Quem vive com um cão em casa não hesitará em afirmar que o cão é quase uma extensão de si mesmo, pois o acompanha por todo o lado e procura a sua aprovação e carinho várias vezes ao dia.
Ainda assim, a etologia não se contenta em observar os comportamentos dos animais e aceitá-los, pois entender por que eles acontecem é a chave para definir as espécies e nossas relações com elas.Portanto, neste espaço tentamos explicar porque os cães seguem seus tutores incondicionalmente.
Questão de genes?
De acordo com vários especialistas, a principal razão pela qual os cães seguem incondicionalmente seus tutores é devido à genética. Sendo descendentes diretos do mamífero canis lupus(o lobo), presume-se que os cães domésticos também têm uma predisposição para se agregar em matilhas.
Essa ideia não é isenta de controvérsias, uma vez que a maioria dos estudos etológicos detalhados sobre lobos foi registrada em ambientes de cativeiro. Muitos desses comportamentos vistos em espaços confinados podem ser diferentes em um ambiente 100% natural. Se não temos certeza do comportamento desses canídeos selvagens na natureza, como é possível que também o apliquemos aos cães?
Outras pessoas argumentam que o cão associa seu guardião como o elemento principal de sua matilha.Essa ideia, novamente, está aberta ao debate, pois vários estudos nos mostram que os cães são capazes de compreender, reconhecer e discriminar as características humanas. É claro que, por mais que nos respeitem e nos adorem, os cães sabem que não somos apenas mais um membro de sua espécie.
Não se pode negar que existe algum tipo de hierarquia intrincada entre o cão e o guardião, mas não está claro se ela responde a um comportamento herdado de permanecer em uma matilha. Já que a genética não parece ser a resposta definitiva, vamos explorar outras explicações possíveis.

Fatores emocionais
Existem outras características possíveis que podem promover o acompanhamento contínuo do cão em relação ao responsável. Alguns deles são os seguintes:
- Reforço positivo: um cão bem tratado verá seu tutor como uma fonte de encorajamento positivo. Eles podem vir na forma de comida, jogos, carícias ou várias interações. Os animais buscam naturalmente o que aumenta sua sobrevivência e bem-estar, e neste caso é a pessoa responsável por eles.
- Corrida:dependendo da raça, alguns cães são mais predispostos do que outros a seguir seus donos. São conhecidos como “cães velcro”, e tem-se observado que quanto mais tempo trabalham com humanos, mais essa característica se desenvolve.
- Companhia:Ao longo dos anos, os humanos selecionaram os cães que são geneticamente mais predispostos a interagir com nossa espécie. Portanto, não é estranho que eles busquem companhia humana sem maior pretensão do que estar conosco.
- Ansiedade de separação:neste caso, estamos diante de um desordem emocional produto de má gestão pelo tutor. Os cães podem associar momentos de solidão com estresse, desconforto e até agonia. Este não é um comportamento natural por si só.
Como podemos ver, existem vários motivos pelos quais os cães têm uma predileção por não abandonar seu tutor a qualquer momento. Além de afeto e carinho, isso promove sua própria sobrevivência como indivíduos.
Conforme discutido em estudos citados anteriormente, os cães são capazes de compreender nossos gestos, linguagem e tom. Quanto mais tempo ficarem com o tutor, melhor serão capazes de identificar momentos benéficos, como dar comida ou dar uma caminhada. Isso mesmo, os cachorros nos observam e seguem, em parte, porque isso promove seu próprio bem-estar e sobrevivência.

Um comportamento fruto de anos de interação
Como nós vimos, a genética nem sempre é a melhor resposta para tudo.Os cães foram domesticados e estão em interação com os humanos há tanto tempo que muitos comportamentos que parecem contraproducentes ou atípicos no mundo natural são continuamente exibidos por eles.
Claro, uma coisa é certa: os cães nos admiram e nos adoram, não só porque lhes damos comida e abrigo, mas porque somos uma referência e um pilar fundamental em seu cotidiano. Portanto, respeitá-los e aceitar sua companhia é algo que todo tutor deve fazer.