A lebre do mar comum (Aplysia dactylomela) é uma grande espécie de invertebrado que está incluída no grupo das lesmas do mar ou "lebres do mar", representada na família Aplysiidae.Todos esses animais curiosos pertencem à bordaMoluscoe para a aula Gasteropoda,então eles compartilham um táxon com caracóis e lesmas terrestres.
Como todos os moluscos, esses animais carecem de um esqueleto interno complexo, Eles são de corpo mole, não têm segmentos e têm um órgão de alimentação especial com o qual obtêm seu alimento -rádula-. Se você quiser saber mais sobre esta espécie abundante e curiosa, continue lendo.
Habitat da lebre do mar comum
Em primeiro lugar, devemos desvendar a pequena bagunça filogenética em que essa espécie foi encontrada por vários anos, pois isso é essencial para entender sua dinâmica de distribuição. Até recentemente, a lebre do mar comum (Aplysia dactylomela) foi distribuída em quase todas as águas marinhas tropicais e temperadas do mundo, mas não é inteiramente o caso.
Esta espécie é dividida em 3 "núcleos" distintos: Oceano Índico, Oceano Atlântico e Oceano Pacífico, regiões onde é considerado um invertebrado nativo. Enfim, estudos publicados no portalBioOnemostraram que a população do Indo-Pacífico é uma espécie diferente,Aplysia argus, muito semelhante ao seu parente morfologicamente.
Curiosamente, os avistamentos desta espécie foram datados no Mar Mediterrâneo desde 2002, com relatos em Israel, Malta, Sicília, Grécia, Croácia, Ilhas Baleares e Catalunha (Espanha). Acredita-se que a lebre do mar comum possa ter se instalado nesta região devido ao aumento global da temperatura dos ecossistemas marinhos, devido às mudanças climáticas.
Características físicas
Os membros da família Aplysiidae eles apresentam uma concha, mas isso atrofiou e está internalizado, então não pode ser visto a olho nu. Essa característica os diferencia de outras lesmas do mar, como os nudibrânquios, que não apresentam nenhum tipo de estrutura rígida no corpo.
Por sua parte, Aplysia dactylomela Apresenta-se com tonalidade verde-amarelada, mas a coloração geral depende da dieta alimentar. Por exemplo, espécimes que consomem algas vermelhas como base de sua dieta têm uma tonalidade laranja. Além disso, esta espécie difere do restante do gênero pelos anéis escuros distribuídos por todo o corpo, que formam um padrão característico.
Como todos os gastrópodes, a lebre do mar comum apresenta um pé, estrutura ventral alongada que permite a locomoção. Este órgão tem uma textura áspera, enquanto o resto do corpo é muito macio ao toque. O parapodios -apêndices especializados- surgem como extensões do pé e permitem que a lesma nade através da coluna d'água.
Em termos de tamanho, os maiores exemplares coletados até agora atingiram 41 centímetros de comprimento. A tez geral desta espécie é espessa e áspera, embora seja um invertebrado desprotegido do meio ambiente sem uma concha externa.
A concha atrofiada é internalizada, coberta pelo manto. As brânquias estão do lado direito do manto, entre a concha e os parapódios.
Comportamento da lebre do mar
As lebres marinhas são invertebrados que vivem em tapetes de ervas marinhas.Na fase adulta, esta espécie é estritamente noturna, pois só inicia seu pico de atividade quando o fundo está escuro. Para sua locomoção, pode rastejar pelo substrato arenoso com o pé ou nadar na coluna d'água, com a ajuda de seus parapódios.
O ato de nadar é realizado movendo o parapódio para cima e para baixo, criando um "funil" de água que impulsiona o invertebrado para a frente ou para cima. Porém, a locomoção no fundo com o pé é muito mais comum, pois expõe menos o animal.
Alimentando
A lebre do mar comum é um gastrópode herbívoro estrito, portanto, habita os leitos de ervas marinhas. Como todos os membros de sua família, esses moluscos têm um apetite muito voraz e se alimentam constantemente de algas verdes e vermelhas. Dentre as espécies vegetais que mais consomem, destacam-se: Corallina, Chondrococcus hornemanni, Ulva reticulata Y Cladophora.
A rádula desta espécie é essencial no processo de alimentação. Além disso, apresenta uma câmara com placas endurecidas ricas em quitina que funciona como uma espécie de "moela", que tem por objetivo digerir as porções muito grandes de algas. Como indicam os estudos, esta espécie é extremamente voraz e destaca-se pelo consumo e biocontrole de algas verdes.
Predadores e defesas de lebre do mar
As lebres marinhas têm métodos de defesa muito curiosos. Quando ameaçados, esses invertebrados usam seus parapódios para se propelirem na coluna d'água. Se isso não bastasse, eles apresentam um par de glândulas únicas no reino animal:
- Glândula roxa: encontra-se na parte superior do manto, acima das guelras. Ele emite fluidos roxos. É um agente irritante que confunde predadores.
- Glândula opala: está localizado na base da cavidade do manto, sob as brânquias. Produz uma secreção esbranquiçada opaca.
A ideia de que essa espécie libera secreções diante de ameaças vem de vários estudos eletrofisiológicos. Em qualquer caso, ainda não foi confirmado no ambiente natural que isso surge em resposta a um ataque de predador.
Reprodução
Em condições de laboratório, lebres marinhas comuns se reproduzem em um único evento, que geralmente tem uma duração média de cerca de 7 meses. A primeira descarga de ovos ocorre quando o espécime atinge os 2 meses de idade e continua a cada 2 a 4 dias, por mais de meio ano. Uma amostra pode colocar até 67 milhões de ovos em um único evento reprodutivo.
Não vamos parar na fisiologia do aparelho reprodutor da espécie, mas basta sabermos que é hermafrodita. Na fase reprodutiva, um espécime atua como macho e outro como fêmea, sendo o primeiro aquele que introduz sua genitália e libera esperma no ducto hermafrodítico da “fêmea”.
Em eventos reprodutivos, até 12 indivíduos podem ser associados em uma cadeia, com fecundações simultâneas. Sua estratégia é promíscua, "quanto mais, melhor".
Desenvolvimento das larvas
Os ovos se desenvolvem em leitos de algas, onde permanecem protegidos de possíveis predadores. Uma larva velige emerge deles, com um pé e uma concha bem desenvolvidos, mas sem a maioria das estruturas adultas. Nessa fase, as lebres marinhas fazem parte do plâncton suspenso na coluna d'água.
Uma vez que crescem, as larvas se acomodam novamente no fundo das algas - cerca de 2 ou 3 metros - e ocorre a metamorfose em espécime adulto. Aos 2 meses de idade, os juvenis estão prontos para se reproduzir e os eventos acima mencionados começam. Após o pico de atividade - aos 7 meses - o adulto começa a perder peso e morre em pouco tempo.
Estado de conservação e usos humanos
Infelizmente, esta espécie não foi avaliada peloUnião Internacional para a Conservação da Natureza(IUCN). Só se pode dizer que é um animal "não extinto", embora sua distribuição no Mar Mediterrâneo indique que as populações são relativamente saudáveis.
Por outro lado, a lebre do mar comum possui células nervosas ganglionares de grande interesse científico, pois são muito semelhantes às dos vertebrados. Isso torna a espécie ideal para estudos eletrofisiológicos e obtenção de conhecimentos a nível neurológico.