Aruanã asiático: o peixe de aquário mais caro do mundo

O aruanã asiático é um dos exemplos mais extremos da obsessão humana em possuir e aparentar status. Se para muitos já parece absurdo apontar carros, casarões ou barcos como bens que marcam o poder do dono, a palma vai para quem coleciona animais para divulgar seu poder aquisitivo.

O peixe de que estamos falando tornou-se exatamente isso, um símbolo de riqueza e status para algumas pessoas. Tanto que já foram pagos cerca de 258 mil euros por um exemplar. Como você chega a esse extremo? O que esse animal tem que o torna tão especial? Vamos conhecer esta triste história.

Aruanã asiático: uma pincelada

Antes de explicar como esse peixe de água doce se tornou uma mercadoria de luxo, é importante caracterizá-lo pelo que é, um animal. Portanto, estamos falando de um peixe cujo nome científico éScleropages formosus e que habita massas de água doce em todo o Sudeste Asiático.

Também é conhecido como peixe-dragão devido às suas escamas reflexivas, bem cuidadas e de um vermelho profundo, que lhe conferem certa semelhança com a figura mitológica da cultura chinesa. Além disso, é um superpredador que, na fase adulta, se alimenta de outros peixes carnívoros, por isso apresenta um comportamento bastante implacável na caça.

Suas escamas têm o brilho metálico das moedas e se move ondulando seu corpo, como um dragão de papel em desfile.

Amadurece bastante tarde, uma característica que tem jogado contra ele em questões de conservação. As fêmeas põem poucos ovos (de 30 a 100) e o macho os incuba na boca, mas só aos 3-4 anos é que atinge a idade reprodutiva.

O que o torna tão especial?

O aruanã asiático é um peixe que, em várias culturas asiáticas, é considerado um símbolo de boa sorte e prosperidade por causa de sua semelhança com o dragão chinês. Crenças como o feng shui o associam ao equilíbrio das energias yin e yang, outras afirmam que é um peixe que morre no lugar de seu dono, salvando-o. Toda essa mitologia que o envolve fez com que ter um peixe dessa espécie equivalesse a ser rico e poderoso.

As pisciculturas onde é criado possuem extensas medidas de segurança, como muros de concreto e torres de vigia. Quando transportado, é acompanhado por um comboio de veículos de proteção.

Como um peixe passou a valer tamanha fortuna?

A verdade é que o tráfico de espécies é um dos que mais movimentam dinheiro no mundo, atrás apenas de drogas e armas.No caso específico do aruanã-asiático, a verdade é que uma série de circunstâncias voltadas para sua conservação infelizmente foram as que lhe conferiram esse valor excessivo no mercado.

Como existem inúmeras variantes de cores desse peixe naturalmente e ele tem uma distribuição tão dispersa, existe uma grande confusão em relação à taxonomia e ao censo para sua conservação. Assim, a extração desses peixes de seu ambiente natural se intensificou na década de 1970 para venda aos países ocidentais, época em que já se pagavam milhares de dólares por um espécime.

A espécie foi posteriormente declarada ameaçada de extinção (EN) pela IUCN e seu comércio foi restrito a espécimes criados em cativeiro. No entanto, essas medidas apenas aumentaram a aparência de exclusividade do aruanã asiático, elevando ainda mais os preços e intensificando a extração ilegal.

Aruanã-asiático, como outras espécies traficadas, chegam aos milhares em fazendas de peixes à medida que desaparecem de rios e pântanos.

A dura realidade dos peixes de aquário

Não é preciso dizer que esta espécie desaparecerá da natureza se nenhuma medida for tomada para sua conservação. Enquanto alguns humanos pagam o que vale uma casa para ter um peixe cativo em um aquário, outros os eletrocutam para que deixem seus filhotes escaparem de suas bocas para serem vendidos. Outros humanos, embora não tenham sido abduzidos, destroem seu habitat para construir fábricas e plantações.

Proteger espécies como o aruanã-asiático requer mais do que estabelecer leis, é preciso mudar o pensamento coletivo desde suas raízes e garantir que os animais não sejam mais concebidos como bens intercambiáveis. Escravizá-los, sequestrá-los, nunca deve ser símbolo de ostentação, mas sim de crime, pois poder não precisa ser sinônimo de opressão.

Muitas pessoas ficaram obcecadas com este peixe, tanto para salvá-lo quanto para enriquecer às custas dele. E, enquanto o amor pela natureza e a liberdade não vencerem a batalha, será cada vez mais difícil encontrar dragões nadando nas águas escuras do Sudeste Asiático.

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