Muitos fungos têm a capacidade de produzir metabólitos secundários tóxicos, conhecidos como micotoxinas. Essas substâncias podem crescer nos alimentos e representar um sério risco à saúde. Os mais perigosos podem colocar em risco até a vida de animais e humanos.
Se falamos de micotoxinas e produção animal, existem algumas que têm efeitos negativos na reprodução? A seguir, mostramos algumas das micotoxinas mais relevantes para a saúde pública e animal e seus efeitos no sucesso reprodutivo dos bovinos.
Como são produzidas as micotoxicoses nos animais?
Em primeiro lugar, vamos definir o termo micotoxicose. Refere-se à intoxicação por inalação ou ingestão de alimentos contaminados com micotoxinas. No reino animal, esse envenenamento pode ocorrer de duas formas:
- Diretamente, em herbívoros, ao consumir uma planta contaminada pelo fungo.
- Indiretamente, em carnívoros, ao comer carne de animal previamente intoxicado.
As micotoxinas secretadas por fungos colonizam todos os tipos de alimentos e forragens armazenados em más condições. Os três gêneros de fungos mais frequentemente relatados como produtores de micotoxinas são:
- Aspergillus spp.
- Penicillium spp.
- Fusarium spp.
A capacidade de um fungo produzir micotoxinas depende de muitos fatores, como umidade, temperatura, substrato/alimento ou oxigênio. Portanto, o aparecimento de uma micotoxicose pode variar de acordo com as condições climáticas ou geográficas.
Micotoxinas e produção animal
As micotoxinas que causam mais problemas na produção animal geralmente são as seguintes:
- Aflatoxinas, produzidas por diferentes espécies de Aspergillus flavus e A. parasiticus.
- Ocratoxina A, produzida por diferentes espécies de Aspergillus e Penicillium.
- Tricotenos, zearalenona e fumonisinas, produzidos por fungos do gênero Fusarium.
A toxicidade destes metabolitos em animais pode abranger todos os tipos de órgãos, desde o desenvolvimento de efeitos cancerígenos, teratogénicos ou mutagénicos, passando por alterações no fígado, rins e aparelho digestivo, até à produção de distúrbios do tipo hormonal ou imunossupressor .
Seus efeitos podem comprometer o sucesso reprodutivo de uma fazenda?
Esta pergunta pode ser respondida usando o exemplo de uma fazenda de porcas reprodutoras e analisando o efeito de diferentes micotoxinas sobre elas. A seguir desenvolvemos o tema de acordo com o tipo de micotoxina estudada.
Zearalenone
É uma toxina hiperestrogênica. Ou seja, ativa o metabolismo dos estrogênios, o que altera o funcionamento normal do sistema reprodutor feminino.
A ingestão dietética constante deste composto leva a sintomas como vulvovaginite, mastite, distúrbios do ciclo menstrual, falsas gestações, abortos e esterilidade.
Ou seja, o curso normal da reprodução na fazenda será muito afetado e isso acarretará em inúmeras perdas econômicas. Mesmo assim, é verdade que seus efeitos são transitórios e desaparecem com a mudança da dieta.
Aflatoxinas
Essas micotoxinas, em suínos, deprimem o sistema imunológico e têm efeitos cancerígenos e mutagênicos. Além disso, são hepatotóxicas (fazem mal ao fígado), causam anemia, nefrose, hemorragias sistêmicas e morte. Ou seja, são provavelmente as micotoxinas mais problemáticas e perigosas.
A nível reprodutivo podem causar abortos e agalactia, ou seja, f alta de leite durante a lactação. Por outro lado, podem ser transferidos para leitões recém-nascidos, afetando sua resposta imune.
Existe algum método para controlar o aparecimento de micotoxicose em animais?
Atualmente, não é possível eliminar completamente alimentos e rações contaminados por micotoxinas. No entanto, existem várias maneiras de reduzir seus níveis e evitar exposições prolongadas ao longo do tempo. Na verdade, é esse tipo de consumo crônico que tende a agravar os efeitos da micotoxicose.
Um dos métodos mais eficazes para reduzir os níveis de micotoxinas na alimentação é a aplicação das chamadas «Boas Práticas Agrícolas». Assim, durante o cultivo, colheita e transporte, os níveis de higiene devem ser mantidos ao máximo.
Estas práticas tornaram-se fundamentais quando se considera a cadeia agroalimentar como um todo integrado, onde a alimentação animal é o primeiro elo.
Então, durante a transformação de matérias-primas em ração na indústria de ração animal, é importante aplicar as Boas Práticas de Higiene. Isso minimizará os níveis de micotoxinas no produto final.
É neste ponto mencionado que aumenta o perigo de contaminação cruzada, por exemplo, podendo manchar outros alimentos, mesmo os destinados ao consumo humano.
Um problema para o sucesso reprodutivo
Qualquer exploração animal depende de um certo sucesso reprodutivo para poder se manter no tempo, sem contar aquelas que se dedicam exclusivamente à obtenção de novas gerações de animais ou ao aproveitamento do leite das fêmeas após o parto. Portanto, atingir um estado fisiológico ideal para uma reprodução bem-sucedida é essencial.
O fato de os alimentos poderem carregar certas substâncias nocivas à reprodução é um problema, pois normalmente as quantidades são tão pequenas que os sintomas não são óbvios o suficiente para remediá-los.