Conídeos: os caramujos mais venenosos do mundo

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Anonim

Conídeos (Conidae) são uma família de moluscos gastrópodes, comumente conhecidos como cones. Até hoje, mais de 700 espécies diferentes foram descritas, habitando desde a antiguidade em todos os mares tropicais e subtropicais do planeta.

Estas criaturas são populares por suas conchas lindamente modeladas e venenos poderosos.

Conídeos são perigosamente lindos

É interessante saber que esses moluscos são carnívoros, e que, para capturar suas presas, utilizam um órgão venenoso. Este consiste em um dente em forma de arpão alimentado pela glândula que produz o veneno, poderoso o suficiente para paralisar a presa, geralmente outros moluscos, vermes e pequenos peixes.

Na família dos conidae, existem espécies como Conus geographus, Conus aulicus, Conus textil, Conus marmoreus ou Conus leopardus, com venenos tão poderosos que podem causar a morte de uma pessoa. É importante observar que cada espécie de caramujo produz um veneno diferente.

Cada veneno é o resultado de uma mistura de centenas a milhares de toxinas individuais, chamadas conotoxinas.

Apesar da reconhecida lentidão dos caramujos, os conídeos conseguem disparar sua tromba muito rapidamente, conseguindo paralisar e engolir presas do mesmo tamanho de sua concha ou até maiores. Existem estudos que estabeleceram que essas criaturas podem alterar seletivamente a composição do veneno, para adaptá-lo a cada presa.

Conídeos como fonte potencial de compostos medicinais

Dada a requintada seletividade do veneno de conídeos, por décadas a intenção tem sido explorar esses compostos naturais para desenvolver drogas.

As conotoxinas são usadas como ferramentas farmacológicas para estudar a sinalização da dor, pois têm o potencial de se tornar uma nova classe de analgésicos. À medida que a ciência avança em métodos de análise mais sofisticados, o estudo de venenos de conídeos se torna mais promissor.

Nos últimos anos, houve progresso na descoberta de muitas novas sequências de conotoxinas de interesse terapêutico. No entanto, a síntese e a caracterização farmacológica têm sido comparativamente lentas.

A perspectiva nesse campo de pesquisa é animadora, pois estima-se que existam 70.000 conotoxinas diferentes em todas as espécies de conídeos, e menos de 1% dos peptídeos que as compõem foram caracterizados.

A história de sucesso do Conus geographus Venom

É interessante saber que a partir do estudo do veneno de Conus geographus foi possível identificar pequenas proteínas ou peptídeos com atividade antagonista dos receptores nicotínicos da acetilcolina.

Essas conotoxinas são o que agem para paralisar a presa do caracol. Outra conotoxina atua em receptores chamados NMDA. Este receptor em humanos está envolvido com a percepção da dor, memória e aprendizado.

Desses estudos surgiu o peptídeo Con-G, um potente analgésico mais seletivo que a morfina. Se considerarmos que a dor é uma das principais causas de incapacidade no mundo, podemos avaliar o valor desses achados.

  • O peptídeo Con-G demonstrou ser eficaz no tratamento da dor neuropática crônica. Essa dor geralmente é sentida por pacientes com câncer, artrite, herpes zoster, diabetes e AIDS.

O uso desses peptídeos não se limita ao tratamento médico. Dada sua especificidade requintada, as conotoxinas podem ser úteis para elucidar como funciona a biologia por trás da dor.

Outras conotoxinas que induzem transe em presas de conídeos são análogos de insulina

Um estudo recente determinou que o veneno de C. geographus contém insulinas especializadas, que eles designaram como “Con-Ins”. A atividade dessas toxinas é fundamental na estratégia de caça dessa espécie e, potencialmente, de outros conídeos.

Os autores descobriram que o conteúdo de peptídeos análogos de insulina de C. geographus liberados na água induziu hipoglicemia. As insulinas do veneno não resultam necessariamente na morte da presa, mas sim na sua sedação e desorientação permitindo que o caramujo a engula sem resistência.

Finalmente, evidências de peptídeos semelhantes à insulina em venenos de outras espécies de conídeos apontam para um papel geral dessas toxinas como estratégia de captura de presas.