Tristeza bovina: o que é e como lidar –– Meus animais

" Tristeza do gado" é a forma coloquial de se referir a um grupo de doenças que acometem regularmente o gado. É uma síndrome causada por dois microorganismos muito diferentes: um parasita e uma bactéria. Ambas são transmitidas pela picada de um inseto, portanto são doenças vetoriais.

Os sintomas levam o animal a um estado de permanente apatia e indiferença. As vacas perdem o interesse pelos companheiros e pelo ambiente que as rodeia devido ao mal-estar geral. Aí está a dificuldade da doença: a chave é perceber que essa chamada tristeza é um estado patológico.

Tristeza bovina, doença que não pode passar despercebida

O termo se refere a duas doenças, embora compartilhem várias características. Especificamente, os fazendeiros que falam dessa síndrome estão descrevendo a babesiose e a anaplasmose bovina, cujos agentes causadores são os seguintes:

  • Parasitas microscópicos do gênero Babesia.
  • Bactérias Gram-negativas (Anaplasma marginale).

A crescente importância das doenças vetoriais

A incidência de doenças transmitidas por vetores continua aumentando, tanto em animais quanto em humanos. É o caso da maioria das patologias sazonais, inclusive daquelas que nos preocupam nesse sentido.

A “tristeza bovina” é transmitida pela picada de um artrópode conhecido como carrapato comum dos bovinos (Rhipicephalus microplus). Também foram descritos casos em que outros insetos sugadores de sangue participam da transmissão, como mutucas ou mosquitos.

Só na Argentina, estima-se que cerca de 22.600.000 bovinos possam estar expostos a este grupo de doenças. Isso significa quase 35% da pecuária nacional do país, o que pode significar uma grande perda econômica para a região.

Quem costuma sofrer com essa “tristeza bovina”?

A verdade é que todo tipo de gado sofre com essa doença, mas a gravidade dos sintomas depende de fatores como a idade do animal. Bezerros jovens com menos de 12 meses geralmente apresentam infecções leves com baixa mortalidade.

Por outro lado, animais com mais de 2 anos podem apresentar mortalidades variáveis entre 20% e 50%. Assim, não será uma doença tão grave entre os bezerros, mas sim entre os bovinos adultos.

Os sintomas que dão nome a uma doença tão particular

Vacas que sofrem de infecções por Babesia ou Anaplasma não apresentam sintomas muito específicos. Em vez disso, são típicos de qualquer doença debilitante, como febre, perda de apetite, depressão ou fraqueza.

Em vacas em lactação, observa-se uma rápida queda na produção de leite, o que alerta o produtor de que algo está errado. No entanto, em bovinos de corte, a doença geralmente não é detectada até que o animal afetado esteja muito fraco.

O motivo do aparecimento desses sintomas é a destruição dos glóbulos vermelhos, quando estes são invadidos por algum dos microorganismos citados. Isso causa anemia hemolítica -devido à ruptura dessas células- que gera a deterioração constante do estado de saúde do animal.

É por isso que as vacas parecem tristes: suas orelhas estão caídas, seu semblante deprimido e elas gradualmente saem do grupo.

Como é diagnosticado?

Como não há sintomas específicos, é necessário um diagnóstico diferencial com muitas outras patologias bovinas. Por exemplo, com leptospirose, botulismo ou antraz.Mesmo assim, pode haver algumas suspeitas quando vetores são observados no rebanho.

A única evidência clínica para confirmar o diagnóstico de "tristeza" é a observação direta dos microrganismos responsáveis pela doença. Através de algumas análises é possível constatar Babesia spp. ou para Anaplasma spp. dentro dos glóbulos vermelhos do animal doente.

O passo final será a realização dos testes sorológicos correspondentes para detectar os antígenos ou material genético do microrganismo patogênico. De fato, assim será possível diferenciar sem possibilidade de erro entre um agente e outro para proceder ao seu tratamento.

Como funcionam os patógenos que causam a “tristeza bovina”?

No caso da babesiose, os parasitas entram na corrente sanguínea e começam a invadir as hemácias do hospedeiro. Uma vez lá dentro, eles se alimentam de recursos intracelulares para crescer e se reproduzir, fazendo com que o eritrócito se rompa e libere mais patógenos no corpo.Isso gera deficiência de oxigenação nos órgãos e produz a debilidade típica da tristeza bovina.

Pelo contrário, a bactéria causadora da anaplasmose é responsável por invadir os glóbulos brancos (leucócitos) do hospedeiro. Consequentemente, causa sérios efeitos no sistema imunológico do corpo, o que abre a possibilidade de infecções secundárias. Além disso, a presença dessas bactérias também causa diversos danos aos órgãos internos.

A «tristeza bovina» tem tratamento?

Como a maioria das doenças infecciosas, se detectadas precocemente, os sintomas podem ser controlados. Para isso, primeiro você deve saber ao certo qual organismo está causando os sintomas naquele animal:

  • Para o tratamento específico da babesiose são utilizados antiparasitários, específicos contra esses protozoários.
  • Tetraciclinas, que são drogas antimicrobianas, são usadas para tratar anaplasmose.

O problema de ambas as patologias é que, se o diagnóstico não chegar a tempo, a deterioração costuma ser irreversível. Portanto, sem dúvida, a melhor recomendação é o uso de vacinas.

Vacinação de bovinos contra babesiose e anaplasmose

Vacinas contendo glóbulos vermelhos de vacas infectadas com um patógeno cuja virulência foi reduzida são frequentemente usadas. São aplicados anualmente em bovinos de 4 a 10 meses de idade provenientes de estabelecimentos onde geralmente ocorrem casos clínicos.

Também é conveniente vacinar os nascidos em áreas livres de carrapatos e que vão se mudar para locais onde pode haver carrapatos. No entanto, são contra-indicados em animais adultos, caso a virulência possa ser revertida. Assim, a vacina só é utilizada em casos muito específicos e em condições muito bem controladas.

“A tristeza do gado” é um verdadeiro desafio para a pecuária sul-americana

Os países da zona tropical e subtropical da América Latina falam dela como um dos seus maiores entraves à criação de gado. As inúmeras perdas na produção de leite e carne, os altos custos de tratamento ou vacinas e a alta mortalidade da tristeza bovina não dão trégua aos produtores.

Fruto da mudança climática, esta e outras doenças transmitidas por vetores continuam avançando em direção às regiões temperadas.

Como se pode constatar, a tristeza bovina não é uma patologia simples que pode passar despercebida, pois seu impacto pode trazer sérias consequências econômicas. Por esse motivo, a maioria dos agricultores tende a manter um controle preciso das condições sanitárias, principalmente nas áreas onde essa doença é mais frequente. Caso contrário, eles podem enfrentar a perda total de seus rebanhos.

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