Vários seres vivos iniciam sua formação através de um processo denominado desenvolvimento embrionário, que descreve todas as fases pelas quais passa um embrião até a formação do ser vivo. Tais transformações são complexas e muito bem controladas pelos organismos. Caso contrário, a própria vida seria impossível.
Não há dúvida de que o desenvolvimento embrionário dos peixes é tão fabuloso quanto o de qualquer outro animal. Os processos que ocorrem para formar uma nova vida são fascinantes. Neste artigo, contaremos como um peixe é formado. É muito interessante!
Desenvolvimento embrionário: conceitos gerais
Antes de falar sobre o desenvolvimento embrionário dos peixes, seria bom aprender um pouco sobre a embriologia em geral.
Para começar, existem diferentes tipos de ovos, dependendo da organização da gema dentro. Podem ser isolecitos (como nos mamíferos), centrolecitos (artrópodes) e telolecitos (moluscos, peixes, répteis, aves ou anfíbios). De qualquer forma, existem três fases dentro do desenvolvimento embrionário, que são as seguintes:
1. Segmentação
Para a criação do novo ser vivo, a única célula que existe dentro do ovo começa a se dividir continuamente. À medida que novas células aparecem, uma pequena camada chamada blástula forma um “buraco” dentro do ovo.
2. Gastrulação
As células que compunham a blástula começam a se reorganizar e se movimentar, de forma a “preencher” o buraco que havia se formado anteriormente. Formalmente, é conhecida como migração ou invaginação dos blastômeros.
3. Diferenciação e organogênese
Uma vez que todas as células chegaram ao lugar certo, há uma cadeia de processos complexos que “dizem” a cada célula o que se tornar. Em outras palavras, começa a diferenciação celular. Graças a isso, formam-se os tecidos e órgãos que fixam a estrutura do novo indivíduo a ser desenvolvido.
Além disso, não podemos ignorar o impacto que o meio ambiente tem no desenvolvimento embrionário dos peixes, embora também ocorra em outras espécies animais. Os ovos têm maior probabilidade de completar seu ciclo – ou seja, eclodir filhotes – se a temperatura ambiente não variar em mais de 8°C.
Quando isso não acontece e eles passam por temperaturas extremas, há menos chance deles eclodir e mais provável que os filhotes nasçam com anomalias graves ou não sobrevivam nas primeiras horas.
Como é o desenvolvimento embrionário dos peixes?
Agora que já sabemos as noções básicas de embriologia, vamos explicar brevemente as diferentes fases que um embrião de peixe passa dentro de um ovo telolecito antes de nascer:
1. Fase zigótica
Uma vez que o óvulo é fertilizado pelo macho, ele permanece no estado de zigoto até que ocorra a primeira divisão. Quanto tempo demora este processo? Tudo vai depender das espécies e da temperatura das águas. Por exemplo, o zebrafish precisa de 40 minutos para realizar a primeira clivagem após a fertilização.
Embora se possa pensar que não há mudanças na fase zigótica, a verdade é que muitos processos ocorrem dentro do ovo que mais tarde levarão ao nascimento de uma nova vida.
2. Fase de segmentação
Inicia quando ocorre a primeira divisão do zigoto.Os peixes têm segmentação meroblástica, o que significa que apenas parte do ovo começa a se dividir em mais células. Isso acontece porque seus ovos possuem uma gema que limita a área onde o embrião pode se desenvolver. Portanto, tem um espaço reduzido para segmentar.
Divisões – verticais e horizontais – são rápidas e sincronizadas, resultando na blástula discoide, um 'monte' de células dentro da gema.
3. Fase de gastrulação
Nesta terceira fase ocorre um rearranjo das células através de movimentos morfogenéticos (para que todas tenham a mesma informação). No desenvolvimento embrionário dos peixes, esta fase é conhecida como involução.
Esta fase é caracterizada por uma redução na taxa de divisão celular e nenhum crescimento. Da mesma forma, muitas coisas interessantes acontecem, pois, por exemplo, forma-se o endoderma, o ectoderma e a discogástrula.Todas essas camadas celulares são as que se encarregarão de dar origem aos órgãos, ao esqueleto e a todas as partes que compõem o novo ser.
4. Fase de diferenciação
Agora é a vez de surgirem órgãos específicos que permitam a identificação do novo indivíduo. Por exemplo, nesta fase de diferenciação aparecem as vesículas cefálica (cérebro), óptica (olhos) e blastóporo (ânus).
Pouco a pouco vão se formando também os ossos da coluna, músculos e outros órgãos: epiderme, derme, sistema nervoso, aparelho digestivo, órgãos reprodutores, sistema circulatório, etc.
Uma vez que o indivíduo esteja perfeitamente formado, é hora da eclosão, estágio final do desenvolvimento embrionário dos peixes. Quando nascem, já têm a mesma forma de quando são adultos, mas em tamanho pequeno. Como se fossem uma cópia exata de seus pais!
Embora os peixes recém-nascidos já tenham todos os seus órgãos e sistemas biológicos formados, nem sempre são funcionais no início de suas vidas. De fato, alguns guardam parte da gema para continuar se alimentando durante os primeiros dias de vida. Isso é normal, porque antes que acabe sua comida provisória, seu metabolismo amadurece e você pode começar sua vida completamente.
O desenvolvimento embrionário dos peixes é extremamente complexo e emocionante, pois tanto genes quanto diferentes mecanismos metabólicos orquestram cada movimento celular. Além disso, um único erro nesse processo pode custar a vida do novo ser em formação. Felizmente, o desenvolvimento do embrião é tão preciso que tais fatalidades raramente ocorrem.