O lince do Canadá (Lynx canadensis) é um majestoso felino endêmico da América do Norte. Embora não esteja listado como "ameaçado" pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), sua situação atual preocupa especialistas.
Um estudo recente mostrou que este felino ocupa apenas 20% de seu habitat potencial. Qual a razão dessa reclusão em um ecossistema com tantas possibilidades? Nós falaremos sobre isso abaixo.
Um felino majestoso
Em primeiro lugar, consideramos pertinente a descrição do animal objeto deste estudo. O lince-do-canadá é um felino de médio porte, habitante da taiga -bioma da floresta boreal- e predador de pequenos vertebrados que sobrevivem em ambientes nevados.Algumas de suas características são as seguintes:
- É um felino de porte médio com pelagem lisa e densa e coloração acinzentada. Tem orelhas triangulares com franjas pretas terminais muito marcantes.
- Ele mede cerca de 100 centímetros da cabeça aos pés e pesa em média aproximadamente 10 quilos. Claro, não estamos lidando com um animal de tamanho exagerado.
- Possui garras afiadas retráteis, que utiliza para caçar suas presas em ambientes nevados.
Vale ress altar que este é um mamífero que foi pressionado pela seleção natural a adquirir características que favorecessem sua sobrevivência em ambientes nevados.
Sua densa pelagem o isola das baixas temperaturas, enquanto seu pequeno tamanho permite que ele sobreviva com pequenas presas. Por fim, suas garras poderosas e pernas largas suportam seu peso perfeitamente, evitando que afunde abaixo da superfície nevada.
Este felino é o exemplo perfeito dos mecanismos adaptativos necessários para sobreviver em um ambiente inclemente.
O lince do Canadá e sua redução de habitat
Um artigo científico resumido em uma publicação da revista National Geographic em abril de 2020 relatou uma má notícia: o lince do Canadá ocupa apenas 20% de seu habitat potencial no estado de Washington (Estados Unidos).
No referido estudo, foram percorridos mais de 7.000 quilómetros quadrados e a presença ou ausência de lince foi registada através de armadilhas fotográficas. Infelizmente, a atividade deste felino só foi observada em 29 das 175 áreas monitoradas.
Antes de tudo, e para entender esses dados, é necessário delimitar que um habitat potencial é aquele território que, de acordo com suas características ecológicas, pode ser considerado como um possível lar para uma determinada espécie.
Os animais buscam expandir suas áreas de forrageamento, pois isso implica em mais recursos, o que se traduz em mais descendentes e expansão da espécie. Se uma população não utiliza um espaço disponível, algo está errado.
O caso do lince
De fato, o fato do lince-do-canadá não ocupar 80% do habitat disponível indica que algo está errado, seja com a própria espécie, seja com o ambiente que não ocupam.
O estudo a que nos referimos anteriormente coloca um culpado claro nesta situação: a mudança climática. Segundo esses especialistas, os linces são bons sentinelas para registrar a variação ambiental, pois são altamente especializados em sobreviver em ambientes frios e com neve.
Portanto, os incêndios florestais, o aumento das temperaturas e a redução geral da cobertura de neve restringiram drasticamente a área onde essas populações de linces sobrevivem.
Além disso, à medida que o clima ameniza nessas áreas nevadas, outras espécies de felinos, como o gato selvagem ou o puma, podem competir por recursos e alimentos com este majestoso lince.
Isso não significa que animais como o gato selvagem sejam ruins em si, mas sim que sua expansão para um território que não lhes pertence pode ser muito negativa para as espécies endêmicas daquela área.
Espécie quase ameaçada
Mais uma vez, é importante observar que o lince do Canadá ainda não está ameaçado. Isso não significa que as autoridades dos estados onde mora o gato devam relaxar: os dados obtidos são preocupantes e ações são essenciais.
Por isso, é necessário continuar monitorando as populações dessa espécie e começar a traçar planos para reprodução em cativeiro e possíveis futuras reintroduções na natureza. Não podemos correr o risco de perder mais espécies.