O coelho é um animal de notável importância no ecossistema mediterrânico. Isso se deve à multiplicidade de artigos ecológicos dos quais faz parte. Do pastoreio à sua importância como presa, passando pela dispersão das sementes. O coelho é, portanto, considerado a espécie-chave que mantém os ecossistemas mediterrâneos como os conhecemos. A seguir explicaremos como.
Engenheiros de Ecossistema
Os coelhos (Oryctolagus cuniculus) são uma espécie considerada engenheira do ecossistema. Ou seja, um organismo que cria, modifica, mantém ou destrói um habitat.
A importância deste animal é fundamental: influenciam a riqueza de espécies ou biodiversidade e a heterogeneidade da paisagem. Segundo um estudo, os coelhos são os animais-chave sem os quais o funcionamento normal dos ecossistemas mediterrânicos seria alterado. A seguir, explicaremos como essa espécie os influencia.

Um elo importante na cadeia alimentar
Em primeiro lugar, a importância do coelho no ecossistema mediterrâneo reside no seu papel de presa. Tanto que até 40 espécies de animais carnívoros se alimentam desse animal. Alguns desses animais estão ameaçados e quase totalmente dependentes dela. É o caso de espécies icónicas como o lince-ibérico (Lynx pardinus) ou a águia-imperial-ibérica (Aquila adalberti ).
Essas espécies são consideradas superespecialistas: mais de 85% da dieta do lince é composta por essa espécie. As suas necessidades desta presa são tão rigorosas que é considerada o fator limitante para a expansão do lince-ibérico.
Influência ecológica na floresta mediterrânea.
Outra das muitas funções que os coelhos desempenham é a de influência ecológica na floresta mediterrânica. Isso é visto em vários aspectos:
- Sendo um animal herbívoro, o coelho pasta nas áreas onde vive. Seu forrageamento de plantas influencia a diversidade florística da serra já que consome muita biomassa. Do mesmo modo, influencia a densidade do matagal, fazendo com que muitas serras mediterrânicas sejam os carvalhais abertos e límpidos característicos que conhecemos.
- O coelho é um excelente dispersor de sementes. Ao comê-los e depois excretá-los em outro lugar, faz com que muitas plantas herbáceas se espalhem mais longe.
- Latrinas para coelhos, locais onde depositam grandes quantidades de excrementos, também são importantes. Esses excrementos contêm uma grande quantidade de nutrientes, principalmente nitrogênio, que alguns tipos de plantas aproveitam para criar comunidades vegetais únicas.
- Finalmente, a importância de suas tocas é notável. Sabe-se que muitos animais os usam como refúgio além dos próprios coelhos, como a cobra bastarda, o gallipato ou o arganaz. Da mesma forma, alteram a estrutura do solo, influenciando significativamente o ciclo de nutrientes e água.

O coelho: em perigo?
O coelho europeu deixou de ser considerado uma praga na Península Ibérica em apenas alguns anos para fazer parte da infame Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN. O declínio de sua população é evidente há mais de vinte anos: estima-se que tenha diminuído mais de 70% somente na Espanha.
As principais causas desse colapso são claras: a longa lista de doenças virais com as quais eles precisam lidar. Duas delas são as mais conhecidas, a mixomatose e a doença hemorrágica do coelho.
- A mixomatose foi introduzida em coelhos franceses na década de 1970 para controlar as populações de coelhos. Esta doença, de origem viral, causa o mixoma -câncer do tecido conjuntivo-. Este vírus ficou fora de controle e eliminou 90% da população da Europa Ocidental. Apesar dos planos de recuperação serem executados há mais de 30 anos, a população mundial de coelhos ainda sofre com esse profundo impacto.
- A doença hemorrágica do coelho é mortal. Também de origem viral, causa falência de múltiplos órgãos e hemorragia em poucos dias. Foi detectado na Espanha na década de 1980 e uma vacina está disponível, embora alguns coelhos sobreviventes tenham desenvolvido resistência. É considerada a maior ameaça aos nossos coelhos.

Proteja o coelho para proteger os outros.
Em conclusão podemos dizer que o coelho é uma espécie essencial no frágil ecossistema mediterrânico e por isso merece a máxima proteção e esforço na sua conservação, já que muitas outras gravemente ameaçadas dependem desta espécie.