O uso de coleiras elétricas é um assunto altamente controverso. Os defensores desse método de treinamento aversivo afirmam que ele pode ser uma ferramenta confiável e eficaz, se usado corretamente e com bom senso. Pelo contrário, seus detratores afirmam que isso vai contra o bem-estar animal e que é uma forma clara de maus tratos aos cães.
Felizmente, o campo de pesquisa sobre comportamento canino está cada vez mais direcionado para a compreensão do comportamento canino, e nos mostra que o cão não é um simples animal que pode aprender por meio de punições.Também nos diz que eles podem viver com medo, sem entender ou entender por que estão sendo punidos.
Na maioria das leis dos países europeus e americanos, o abuso de animais é penalizado e condenado. Apesar disso, muitas vezes a utilização desse tipo de instrumento, por não ser especificamente detalhado, cai em um vácuo jurídico e seu uso é plenamente autorizado.
Porém, não é recomendado o uso de coleiras elétricas para cães, pois é uma forma de submissão. Além disso, mesmo que não causasse nenhum tipo de desconforto ao animal, não estaríamos trabalhando o vínculo com o pet, não estaríamos fomentando a confiança e a relação não faria sentido.
Não serve para modificar o comportamento do cão
Existem muitos estudos científicos focados na eficácia do uso de coleiras elétricas para cães. Devemos entender que essas investigações são válidas e importantes e, se por algum motivo você decidir usar ou for recomendado o uso desses tipos de ferramentas, lembre-se que:
- A coleira elétrica não salva o cão da eutanásia exigida pelo seu tutor, na verdade, pode mandá-lo diretamente para lá.
- O uso de coleiras elétricas não é um tratamento para animais de estimação com problemas de comportamento.
- Este método aversivo tem consequências negativas que aqueles que o usam ou promovem, descartam ou ignoram.
- Não é o melhor caminho a seguir, tanto a nível de treino como noutras vertentes da vida do animal.
Como dizem os adeptos dessa técnica, se a corrente elétrica é como um golpe, que não causa sofrimento ao animal e que sua intenção é apenas chamar a atenção do cachorro, por que não usam métodos comoclicker ou eles simplesmente trabalham a “chamada” do cachorro por meio de reforço positivo?
Às vezes, defende-se também seu uso em cães agressivos, para interromper o comportamento, caso o animal morda. Mas, longe disso acontecer, a dor produzida pela corrente elétrica só faz o animal insistir mais no ataque.
Para concluir, de acordo com outras pesquisas, os cães que são treinados com coleiras elétricas ou que, em algum momento de suas vidas, já trabalharam com elas, na hora de serem treinados, apresentam maior nervosismo e desconforto. Por exemplo, eles antecipam as ordens de seus tutores, estão constantemente dando sinais de calma e, no nível fisiológico, secretam muito mais cortisol, o hormônio do estresse.
Consequências do uso de coleiras elétricas para cães
Coleiras elétricas para cachorros podem trazer consequências terríveis para eles, principalmente no nível psicológico. Além disso, se acrescentarmos que essas ferramentas podem ser utilizadas por qualquer pessoa, com ou sem treinamento técnico, os resultados podem ser fatais, devido ao abuso.
Em muitos casos, os cães acabam apresentando sérios problemas comportamentais, como o aparecimento de fobias, estereótipos, comportamentos deletérios, reatividade, má gestão emocional, etc.
A nível físico, a utilização destas coleiras pode desencadear vários tipos de problemas no animal. Por exemplo:
- Problemas de estresse.
- Problemas na glândula tireóide.
- Além disso, devido aos altos níveis de cortisol no sangue, devido ao estresse, outras patologias cardíacas ou hormonais podem se desenvolver.
- Patologias oculares (devido a mudanças na pressão).
Por todas essas razões, o uso desses colares é fortemente desencorajado. Em vez disso, recomendamos que você use um bom treinador de cães que o ensinará a se comunicar com seu cão, entendê-lo e amá-lo de maneira saudável.
