A crise das vacas loucas sofrida no final da década de 1990 marcou uma viragem na atuação dos serviços veterinários da União Europeia. Dado o risco que representava para a saúde humana, A desconfiança dos cidadãos europeus em consumir carne bovina cresceu. Por este motivo, as autoridades foram obrigadas a redesenhar a política de segurança e higiene alimentar para recuperar a confiança dos consumidores.
Desde então, esta doença foi considerada obrigatória em todo o território da Comunidade.. Nos países onde atualmente não há casos confirmados, a carne bovina é submetida a intensa vigilância, na esperança de que a crise sanitária não volte a surgir.
A doença por trás da crise da vaca louca
As encefalopatias espongif.webpormes transmissíveis são um grupo de doenças neurodegenerativas fatais que afetam o sistema nervoso central. São caracterizados por longos períodos de incubação (até cinco anos), e por um curso progressivo que culmina com a morte do vivente que o carrega. Eles afetam muitas espécies, não apenas vacas: por exemplo, ovelhas, cabras ou, pior ainda, o homem.
O agente causador não é um vírus, nem uma bactéria, nem um parasita, como costuma ser o caso. É uma substância protéica conhecida como príon que "sofre mutação", tornando-se patológica.
O príon se acumula nos neurônios, degenerando-os. O tecido degenerado é ocupado por uma infinidade de vacúolos (bolsas de fluido e restos de material danificado). Esses vacúolos, vistos sob o microscópio de luz, dão ao cérebro uma aparência de esponja. Daí o nome de “encefalopatia espongif.webporme”. Macabro para dizer o mínimo, certo?
Conforme o tecido neuronal morre, o indivíduo afetado passa por mudanças comportamentais e de temperamento:
- Existem alterações na marcha e falta de coordenação.
- Tremores e ranger de dentes também são característicos.
- A hiperatividade ocorre quando confrontado com certos estímulos. Isso costumava levar à ansiedade, nervosismo, frenesi e até agressão.
Assim que esses sintomas apareceram, a piora era iminente, culminando em coma e morte.
Por que a crise da vaca louca ocorreu?
Esta doença surgiu em bovinos europeus na década de 1980. E embora envolvesse problemas derivados da alta mortalidade do gado, só vários anos depois é que a crise irromperia.
Em meados da década de 1990, dois adolescentes morreram no Reino Unido com sintomas de uma nova doença conhecida como Creutzfeldt-Jakob. Depois de muita pesquisa, descobriu-se que os sintomas eram compatíveis com os causados pelo príon anteriormente denominado. Isso disparou alarmes e o quadro clínico foi associado ao consumo prévio de carne bovina contaminada.
A doença na Espanha: impacto e gestão
Em novembro de 2000, os primeiros casos de vacas com Encefalopatia Espongif.webporme Bovina ou BSE foram detectados na Galiza. Imediatamente, as fronteiras foram fechadas para a importação de carne bovina de países como França, Irlanda ou Reino Unido. Além disso, o Conselho de Ministros aprovou:
- A obrigação de destruir os materiais de risco especificados(tecidos onde a infecção é mais provável). Isso é mantido hoje, mesmo sem a presença da doença, para evitar que esses tecidos entrem em contato com as carnes de consumo.
- Aquisição de testes para detecção da doença.
Em junho de 2005, foi confirmada a primeira morte de uma pessoa em nosso país pela variante da doença de Creutzfeldt-Jacob.
De 2000 até hoje, foram notificados um total de 810 animais afetados pela doença das vacas loucas, com pico de infecção entre 2002 e 2005. Durante vários anos, graças à implementação de um Programa Integral Coordenado de Vigilância e Controle, nenhum caso de BSE foi detectado novamente.
Por este motivo, desde 24 de maio de 2016, a OIE classifica a Espanha como País de Risco Insignificante de BSE.
A crise das vacas loucas pode reaparecer em nosso país?
Como consequência da primeira crise, e ao verificar que a transmissão do príon era comida, os regulamentos europeus a este respeito deram uma mudança radical. A alimentação animal foi aprovada, com o Livro Branco sobre Segurança Alimentar, a ser considerado como o primeiro elo da cadeia alimentar. Uma rede, desde então integrada “da quinta à mesa”.
Hoje em dia, é proibido o uso de certas substâncias na preparação de rações para animais, por exemplo, farinhas de carne. E essa proibição faz parte do as medidas que, a princípio, evitariam a contaminação com príons.
Seria de se esperar, portanto, que a doença não se propagasse novamente na Europa (ou na Espanha). Além disso, se a OIE nos deu sua confiança, isso vai significar algo, certo?