Saber reconhecer a dor em gatos é essencial, não só para evitar o sofrimento, mas para fortalecer o vínculo guardião-felino. No entanto, aprender a reconhecer os sinais não é totalmente intuitivo: requer tempo e conhecimento.
Neste artigo, você aprenderá todas as noções básicas sobre a dor nesses mamíferos. Desde a própria definição aos diferentes comportamentos que o indicam, terá as ferramentas necessárias para evitar de forma permanente as dores do seu gato.
O que é dor em gatos?
Vamos começar definindo o processo em questão. Dor é definida como um experiência sensorial e emocional desagradável associada a dano real ou potencial ao tecido. É um mecanismo de proteção que envolve mudanças fisiológicas e comportamentais.
Tipos de dor
A dor pode ser classificada em 2 categorias de acordo com sua duração, independentemente de ser em gatos ou em qualquer outro animal. Estes são os seguintes:
- Dor aguda: É aquele que aparece após uma lesão ou doença e desaparece com a recuperação. Essa dor é considerada adaptativa, pois regula o comportamento para evitar que os danos piorem durante a recuperação.
- Dor crônica: este, ao contrário do anterior, permanece quando o dano é reparado. Ocorre como resultado de alterações no sistema nervoso e não é reversível. Portanto, não é considerado adaptativo, uma vez que não cumpre nenhuma função de sobrevivência e recuperação.

Sinais de dor em gatos
Os gatos, à primeira vista, parecem resistentes, porque eles tendem a esconder os sintomas de sua doença e dor, para evitar parecer fraco para os concorrentes. Alguns dos sinais clínicos desse desconforto serão fáceis de identificar, mas outros não, e você precisa saber onde procurar. Aqui estão os mais comuns.
Sinais posturais e de movimento
Quando o gato sofre uma lesão nas articulações, músculos e outras estruturas que permitem a movimentação, a dor será identificável por meio da postura, principalmente. Mesmo a ausência de atividade e movimento pode ser um sinal de dor física. Alguns dos movimentos analgésicos e posturas que você pode encontrar em felinos são os seguintes:
- Pose inclinada, com costas arqueadas na maioria das vezes.
- Claudicação ou pernas que não se apoiam no solo.
- Estique as pernas dianteiras, como se o gato estivesse se espreguiçando continuamente.
- Inatividade geral.
Por outro lado, quando se trata de dor visceral, você pode notar que seu felino se enrola - assim como os humanos encolhem quando temos cãibras no abdômen - ou que se estica para apoiar sua barriga em uma superfície. Este sinal comportamental geralmente é acompanhado por vômitos ou diarreia.
Mudanças nos movimentos intestinais
A dor em gatos também pode se manifestar na maneira como urinam e defecam. Em geral, você poderá observar que o felino não usa sua caixa de areia -pode não ser capaz de acessá-lo devido à dor- ou marcas de urina em lugares que normalmente não fariam.
Quando se trata de distúrbios digestivos ou renais, o gato pode associar a dor a defecar ou urinar na bandeja, por isso deixará de usá-la.
Alterações de caráter
Como qualquer outro animal, os gatos percebem que a dor os deixa de pior humor. Isso resulta em vários comportamentos, como os seguintes:
- Episódios agressivos, arranhões ou mordidas fora do lugar.
- Ausência de interação com outros animais ou com o tutor.
- Falta de cuidado, já que o casaco parece desgrenhado e sujo.
- Ausência de marcação facial.
- Anorexia ou diminuição da ingestão de alimentos.
- Salivação excessiva
- Vocalizações freqüentes.
Ferramentas para identificar a dor em gatos
Identificar adequadamente todos esses sinais não é uma tarefa fácil, mesmo sabendo que eles existem. A linguagem corporal é a chave para detectar a dor em gatos, mas exige passar tempo com cada indivíduo e aprender como a manifestam.
Depois de ir ao veterinário, ele terá outras ferramentas para avaliar o desconforto do felino. As escalas de medida utilizadas pelos profissionais, no entanto, avaliar a intensidade da dor através da análise do comportamento do felino. As 3 escalas mais representativas são estas:
- Escala UNESP-Botucatu: Possui 10 variáveis diferentes que devem ser analisadas; a postura, conforto, atividade, atitude, reação à palpação da ferida e do abdômen, pressão arterial, apetite, vocalização e outros.
- Escala de dor de Glasgow para gatos: Possui 7 variáveis nas quais são atendidos comportamentos espontâneos e evocados, interações com o animal e observações clínicas.
- Escala de careta: avalia a dor em gatos através da posição da orelha, orientação dos olhos, tensão do focinho, bigodes e posição da cabeça.
Embora essas escalas tenham sido criadas e avaliadas cientificamente, os resultados dependem em grande parte de uma anamnese correta. Isso, por sua vez, aumenta a responsabilidade do responsável na análise do comportamento de seu felino, uma vez que deve responder da forma mais adequada às dúvidas do veterinário.

Ver um ente querido sofrer não é algo agradável para ninguém. Conhecer esses sinais e reconhecê-los facilmente será de grande ajuda para minimizar o desconforto do seu animal de estimação e, claro, para uma detecção precoce de situações que podem se tornar graves.