Baseado no princípio de acelerar os processos de cicatrização e ao mesmo tempo recuperar a função do tecido afetado, o plasma rico em plaquetas (PRP) tem sido amplamente utilizado no tratamento de patologias osteomusculares, oculares e dermatológicas em animais de companhia.
Por sua praticidade e baixo custo de produção, esta substância apresenta-se como um adjuvante aceitável na regeneração celular para aqueles pacientes que apresentam dificuldades na recuperação tecidual. Descubra no conteúdo a seguir do que se trata o PRP e os usos que têm sido dados a ele na área veterinária.
O que é plasma rico em plaquetas?
Plasma rico em plaquetas (PRP) é um material biológico obtido pela separação dos componentes líquidos e celulares do sangue, geralmente por meio de técnicas de centrifugação. Este procedimento permite que o sangue seja dividido em três camadas:
- A inferior composta de glóbulos vermelhos.
- Meia composta de glóbulos brancos e plaquetas.
- Um plasma sanguíneo superior.
Graças a esse processo, é possível obter plasma sanguíneo com altas concentrações de plaquetas, até cinco vezes maiores do que as encontradas no sangue em condições normais. Deve-se notar que as porções utilizadas no tratamento médico são as duas últimas camadas.
Sua importância e eficácia está nas funções que cada um de seus componentes desempenha no organismo. Por um lado, os glóbulos brancos ou leucócitos participam da mediação da resposta inflamatória.Além disso, intervêm na defesa contra agentes infecciosos e no processo de reparação e cicatrização de feridas.
Por outro lado, as plaquetas desempenham um papel importante no processo conhecido como hemostasia. Eles agem como uma rolha em casos de sangramento ou lesão, formando coágulos e liberando substâncias que promovem a reparação tecidual. Além disso, secretam fatores de crescimento, essenciais na recuperação dos tecidos, ou seja, dos tecidos do organismo.
Neste sentido, o PRP não só tem efeitos diretos no processo normal de cicatrização, mas também atua como um estimulante da regeneração tecidual de forma global. Consequentemente, nada mais se busca para que as células se curem, mas sim para que voltem a funcionar.

Fatores de crescimento
Fatores de crescimento (FC) são moléculas de origem proteica cuja principal missão é regular a migração, proliferação, diferenciação e metabolismo das células.Entre suas funções específicas estão a estimulação do movimento das células reparadoras para os locais de lesão e o aumento da síntese proteica para a regeneração celular.
Além disso, os FCs estão envolvidos nos processos de formação de novos vasos sanguíneos e produção de colágeno durante o reparo de tecidos danificados. Podem ser classificados de acordo com sua especificidade ou campo de atuação da seguinte forma:
- Fator de crescimento derivado de plaquetas (PDGF): promove a formação de vasos sanguíneos e facilita a formação de colágeno tipo I.
- beta-transforming FC (TGF-beta): estimula a proliferação e diferenciação das células mesenquimais e impulsiona a síntese de colágeno pelos osteoblastos.
- Fator de crescimento de fibroblastos (FGF): participa da proliferação de osteoblastos e fibroblastos, células essenciais na reparação do tecido ósseo.
- Vascular Endothelial FC (VEGF): promove a proliferação de células endoteliais e gera aumento da permeabilidade dos vasos sanguíneos.
Plasma rico em plaquetas em animais de estimação
O uso de plasma rico em plaquetas ganhou popularidade nos últimos anos por ser um tratamento minimamente invasivo e acessível. Isso porque o sangue é retirado do mesmo paciente a quem vai ser aplicado. Numerosas investigações têm utilizado o PRP como adjuvante no manejo de diversas patologias de origem traumática ou degenerativa em animais domésticos.
Uso em cães
No caso de cães, um estudo publicado na revista In vivo, obteve resultados positivos ao usar o PRP como adjuvante na recuperação de fraturas de ossos longos como rádio ou tíbia em caninos fraturados.
Além disso, de acordo com o artigo “Platelet-rich plasma therapy in dogs with bilateral hip osteoarthritis”, o uso de PRP pode ajudar a reduzir a dor e a perda de funcionalidade em cães que sofrem de displasia coxofemoral ou osteoartrite.
Além disso, um artigo recente na revista Animals sugere o PRP como um tratamento alternativo à prednisolona epidural em cães com estenose lombossacral ou doença da cauda equina. Embora a maior parte da pesquisa se concentre na recuperação e regeneração osteoarticular, suas aplicações não se limitam a esse campo.

Uma meta-análise desenvolvida na Itália e publicada na revista científica PLoS One, onde foram analisados cerca de 18 estudos, determinou que animais com feridas cutâneas que receberam tratamento com PRP tiveram uma recuperação melhor do que aqueles que não receberam dada esta preparação.
Finalmente, o plasma rico em plaquetas também tem sido usado em cães para o tratamento de úlceras de córnea e ceratoconjuntivite seca. Como em queimaduras de pele, úlceras de pele, tendinopatias e doenças da cartilagem.
Manejo em gatos
Em gatos, o PRP tem sido mais avaliado em patologias oculares. Um estudo na revista Frontiers in veterinária, expôs que o plasma rico em plaquetas é eficaz para o tratamento de úlceras superficiais e profundas da córnea em gatos afetados. Além disso, outro artigo na revista Animals estabeleceu com sucesso uma terapia baseada em PRP em felinos com feridas cutâneas expostas.
Como o PRP é aplicado aos animais?
Em geral, quando o PRP é utilizado como adjuvante no tratamento de fraturas, ele é aplicado durante o procedimento cirúrgico. Por ser um composto líquido, é possível injetá-lo diretamente na junção óssea fraturada, estimulando imediatamente a regeneração óssea.
Por outro lado, no caso de lesões cutâneas, o plasma rico em plaquetas é aplicado por meio de microagulhamento dérmico ao redor da área afetada. Em problemas oculares é utilizado na forma de colírios ou colírios, que podem ser administrados no olho tratado.
O futuro do plasma rico em plaquetas
Mais estudos ainda são necessários para determinar a segurança e eficácia do plasma rico em plaquetas em animais de estimação. No entanto, devido à sua origem biológica e autóloga, o PRP é uma possível alternativa para processos de difícil resolução com tratamentos convencionais. No entanto, é aconselhável consultar um veterinário antes de tomar qualquer decisão decisiva.