Gatos recém-nascidos são bastante vulneráveis e precisam de certos cuidados para sobreviver. Em geral, todas as suas necessidades são atendidas pela mãe assim que nascem, de modo que os tutores não precisam fazer mais do que ficar atentos a elas. No entanto, se por algum motivo seu pai não estiver disponível, é necessário aprender a cuidar de um gato bebê para salvar sua vida.
Mas, que medidas você deve tomar para cuidar dele e preservar sua vida? Quer tenha encontrado um gato na rua sem a mãe, quer tenha adotado e recentemente deixou de amamentar, neste artigo iremos dizer-lhe como cuidar de um gato bebé para que lhe possa oferecer tudo o que necessita.
Por que é tão importante cuidar de um gato recém-nascido?
Segundo o livro Reprodução e Neonatologia Canina e Felina, os gatos recém-nascidos vêm ao mundo com órgãos e sistemas imaturos que requerem cuidados especiais para sua sobrevivência e bom desenvolvimento. Isso significa que várias funções vitais precisam ser cobertas pela mãe, caso contrário, elas podem morrer em breve. Algumas das tarefas que a mãe tem enquanto cuida delas são as seguintes:
- Estimule seus sentidos: felinos com menos de duas semanas não conseguem ver e ouvir, então suas mães os orientam pelo toque para que possam se alimentar.
- Regule a temperatura corporal: esse é um dos motivos pelos quais a mãe fica quase o tempo todo ao lado dos filhotes.
- Estimular a micção e a defecação: gatos pequenos não conseguem se aliviar sem estimulação adequada. Por esta razão, sua mãe lambe seus órgãos genitais para que sua urina e fezes saiam.
- Limpe o corpo: As lambidas da mãe são essenciais para mantê-los limpos.
Dicas para cuidar de um gatinho órfão
Cuidar de um gato bebê com menos de três semanas é um grande desafio, já que o animal exige todo tipo de atenção. Com dedicação, muito amor e carinho, ele conseguirá sobreviver mesmo que não tenha a mãe ao seu lado. Para fazer isso, leve em consideração as seguintes dicas:
1. Manter a temperatura corporal
Quando os gatinhos nascem, passam o dia inteiro junto ao ventre da mãe. Além de alimentar, essa proximidade permite que eles fiquem aquecidos. Por isso, você deve oferecer a ele tudo o que ele precisa para que sua temperatura não diminua, principalmente à noite, pois ele ainda não consegue regular o calor corporal.
Você pode envolvê-lo em um cobertor ou usar um travesseiro de aquecimento. Mesmo se você tiver outros animais de estimação, pode "usá-los" como babás para receber calor (e carinho também). Caso contrário, se o gatinho ainda estiver chorando ou tremendo e suas patas estiverem frias, coloque-o em seu colo.

2. Respeite seu processo de adaptação
Se você recebe um gato pequeno em sua casa, é provável que seu comportamento inicial seja medroso e arisco. Isso ocorre porque ele desconhece completamente o espaço, por isso se sente em perigo o tempo todo. Para evitar que ele fique sobrecarregado, deixe-o explorar por conta própria e se aproximar de você em seu próprio ritmo. Nunca o force ou manipule se ele não quiser, pois isso fará com que ele tenha ainda mais medo de você.
Uma boa maneira de fazer com que ele se acomode rapidamente é oferecer guloseimas ou comida quando ele se aproximar de você. Dessa forma, ele associará você a algo positivo e começará a confiar na sua presença.
3. Não dê leite "comum"
Um erro muito comum quando encontramos um gatinho é esquentar o leite da geladeira e dar para ele. No entanto, não é bom para sua saúde. Ao nascer, os gatos e outros mamíferos produzem lactase (enzima que quebra a lactose), porém, ela é reduzida à medida que a prole cresce.Isso significa que os gatos bebês são capazes de digerir a lactose sem problemas, embora isso não signifique que sua composição seja benéfica ou que os proteja. Esse líquido não possui os nutrientes necessários e pode até causar problemas estomacais, como diarreia ou vômito.
Nos pet shops vendem leite em pó em pó, que substitui o da mãe. Se você não conseguir, temporariamente, pode dar a ele água morna com uma seringa para mantê-lo hidratado. Mas é preciso dar leite com mamadeira o mais rápido possível. Certifique-se de que o líquido esteja a 38°C. E o mais importante, lembre-se de alimentá-lo a cada três horas!
4. Ensine-o a se aliviar
Entre as principais tarefas para cuidar de um gato bebê órfão está ensiná-lo a se aliviar. A mãe se encarregaria de estimulá-los lambendo a barriga e os arredores. No seu caso, basta mergulhar uma bola de algodão em água morna e passar sobre os órgãos genitais e o ânus.
Outra coisa que você deve fazer é limpá-lo como sua mãe faria, com um pano embebido em água morna. Passe-o pelo pelo com muito cuidado e seque-o bem para não enjoar.
5. Não negligencie a higiene
É normal que gatos recém-nascidos se manchem ao fazer suas necessidades ou comer. Por isso, você deve ter cuidado com a higiene para evitar que doenças apareçam e coloquem sua saúde em risco. Lembre-se de que o sistema imunológico felino não está totalmente desenvolvido neste momento, portanto, evite expô-lo a possíveis patógenos.
6. Cuide bem do seu peso
Conforme mencionado em um artigo na revista científica Animals, os gatos com baixo peso ao nascer são um dos fatores de risco de mortalidade neonatal mais comuns que eles enfrentam. Por isso, é fundamental cuidar do seu peso para garantir que ele se desenvolva adequadamente nas primeiras semanas de vida.
Em geral, os gatos recém-nascidos pesam cerca de 110 gramas e ganham 70-100 gramas por semana. Se detectar que o seu peso não está a aumentar o suficiente ou mesmo que está a diminuir, deve consultar imediatamente um veterinário para rever a sua situação. Nunca ignore esse sinal, pois por ser tão fraco, os casos pioram com muita facilidade.
7. Transição para gato desmamado
Bebês gatos passam por um intenso período de maturação neurológica entre 21 e 28 dias após o nascimento (4 semanas de idade). De acordo com um estudo publicado na revista científica Theriogenology, neste ponto de seu desenvolvimento, o felino aprende a andar com firmeza, perde o reflexo de sucção para mamar e começa a explorar seu ambiente.
Normalmente, gatos que atingem 4 semanas de idade já podem começar a ser alimentados com ração especial para gatinhos. No entanto, esse processo deve ser feito com muito cuidado e de forma gradativa, caso contrário, você poderá rejeitar a alteração.
Para a transição, nos primeiros dias ofereça-lhe ração embebida em água casualmente. Isso fará com que ele conheça sua nova comida e se acostume a comê-la. Depois, aumente a frequência e a quantidade de alimentação e reduza um pouco a dose de leite. Repita o processo progressivamente para desmamar.
Dicas para cuidar de um gato bebê desmamado
A partir das quatro semanas de vida, os gatinhos começam a parar de se alimentar do leite materno. Eles já abriram os olhos e sabem se aliviar, mas ainda têm muito o que aprender. Se você adotou um gato bebê desmamado, siga estas dicas:
1. Dê a ele comida especial
Nas lojas de animais vendem-se rações para gatos bebés, que são mais tenras do que as dos adultos e contêm outros tipos de nutrientes ou ingredientes. Eles também são do tamanho certo para a boquinha dela.
Arme-se de paciência e alimente-o aos poucos. A princípio, eles não saberão o que comer ou que devem mastigar. Você pode ter que dar-lhes um de cada vez e na boca. Então eles vão se acostumar com isso por conta própria.
2. Leve-o ao veterinário
Não importa se você o adotou de um abrigo, se é filho do gato de alguém que você conhece ou se você o encontrou na rua Todos os gatos precisam de uma visita ao veterinário quando são bebês.

O profissional se encarregará de analisá-lo e orientá-lo sobre seus cuidados e alimentação. Desta forma, o animal não ficará doente com frequência e viverá muitos anos. Além disso, você pode aproveitar para verificar se é de uma raça específica: Siamês, Persa, etc. Como regra geral, a primeira visita ao veterinário ocorre às oito semanas de idade, mas pode ser mais cedo se necessário.
Acima de tudo, procure um profissional se o pequeno apresentar comportamentos ou sintomas estranhos, pois estes podem ser o sinal de uma patologia de risco para sua saúde. Tenha em mente que um gato bebê é mais suscetível a doenças. Portanto, consulte um veterinário imediatamente se notar o seguinte:
- Secreções nos olhos ou nariz.
- Perda de apetite.
- Diarréia.
- Vômito constante.
- Não defeca nem urina.
3. Evite perigos domésticos
Se você nunca teve um animal de estimação, muito menos um gato, sua casa pode não ser adequada para um animal. Não se preocupe, porque você pode melhorá-lo com apenas algumas mudanças. Para começar, sem janelas abertas ou acesso livre a terraços ou varandas. Até que o gato se acostume a andar sozinho por toda parte, monitore quais áreas ele visita.
Outra questão muito importante é esconder cabos elétricos, pequenos objetos (como canetas), remédios ou material de limpeza. Os gatos são muito espertos e podem abrir portas ou gavetas, então não confie neles.
Feche a tampa da lata de lixo e do vaso sanitário. Não deixe a porta do quarto ou do banheiro aberta –ou do cômodo onde você não quer que eles entrem– e preste atenção nas plantas: algumas delas podem ser tóxicas para os gatos.
Cuidar de um gato bebê não é uma tarefa fácil, mas também não é impossível. Você só precisa oferecer o que ele precisa e evitar que ele se machuque ou quebre tudo em casa.
4. Ajude-o a socializar
Depois de ter desenvolvido todos os seus sentidos e não precisar dos cuidados da mãe, o gato precisa aprender a se socializar. Isso significa ensinar o felino a conviver da melhor forma com pessoas e animais desconhecidos, o que é necessário para evitar conflitos comportamentais.
Normalmente, esse processo ocorre dentro da ninhada com a mãe e seus irmãos, mas não tendo família, o felino precisa desenvolver essa interação de outra forma. Portanto, tente apresentá-lo a outras pessoas para que ele se acostume com mimos, barulhos e ambientes caóticos que são novidade para ele.
5. Rotinas de ensino
Um dos principais fatores na saúde mental dos gatos são as rotinas.Gatos adoram ter hábitos e manter as mesmas atividades ao longo do dia. Isso permite que eles saibam o que vão fazer com antecedência e proporcionam tranquilidade. Por isso, ensiná-los a manter rotinas é fundamental para lhes oferecer uma melhor qualidade de vida.
A rotina mais frequente que os gatos aprendem é fazer suas necessidades na caixa de areia. No entanto, não é o único que pode aprender. Também podes ensiná-lo a deixar-se escovar, a conviver com outros gatos, a conviver com estranhos, a deixar-se banhar e até a aprender certos truques.
Para que eles aprendam algumas dessas rotinas, a primeira coisa que você deve fazer é definir um horário preciso no dia e a frequência com que a tarefa será executada. Depois, você deve realizá-lo com muita paciência e gentileza, pois isso associará o momento a algo positivo. Por fim, repita esse processo sem f alta nos dias que planejou.
Pode parecer fácil estabelecer uma rotina, mas a realidade é que depende muito do empenho que você tem em cuidar do seu felino. Contanto que você esteja disposto a ensiná-lo, basta perseverança e alguns prêmios para alcançá-lo a longo prazo.
6. Primeiras vacinas
Conforme recomendado pelo VCA Animal Hospitals, os gatos devem ser vacinados pela primeira vez com 6 a 8 semanas de idade. Os pequenos são protegidos pelos anticorpos que a mãe passa através do colostro durante as primeiras semanas de lactação, por isso não precisam de vacinas ao nascer. No entanto, após algumas semanas, essa proteção é reduzida e completamente removida.
Embora o corpo do felino precise enfrentar patógenos para ganhar resistência, as vacinas são focadas em diminuir o efeito de doenças mortais para sua idade. Esta é a razão pela qual eles são protegidos apenas contra certas patologias.
O esquema de vacinação para gatos varia de acordo com a região em questão, já que certas doenças estão presentes apenas em alguns países. Apesar disso, as vacinas essenciais e a idade de aplicação são as seguintes:
- Panleucopenia, rinotraqueíte e calicivírus (trivalente): 8 semanas de vida.
- Leucemia felina: 10 semanas de vida.
- Segunda dose da vacina trivalente: 12 semanas de vida.
- Segunda dose da vacina contra leucemia felina: 14 semanas de idade.
- Raiva: 16 semanas de vida.
Existem outras vacinas opcionais que podem ser dadas ao seu gato, mas é sempre melhor perguntar ao seu veterinário se são essenciais. Lembre-se de que a proteção das vacinas demora um pouco para fazer efeito, o que significa que você não poderá tirá-la de casa pelo menos até que o calendário de vacinação essencial termine.
7. Primeira desparasitação
Quando o gato atinge um mês e meio de vida, é importante que ele vá a um veterinário para desparasitá-lo. Parasitas são organismos que frequentemente infectam animais de estimação para "roubar" alguns de seus nutrientes.Por isso, é fundamental eliminá-los para garantir a saúde do felino.
Normalmente, cabe ao veterinário recomendar as doses e a periodicidade de aplicação dos vermífugos. No entanto, a maioria repetirá a dose aos 3 ou 4 meses de vida. Mesmo assim, verifique com cuidado com o profissional o que é mais adequado para proteger a saúde do seu pet.
Como cuidar de um gato bebê se sua mãe está presente?
Caso a mãe esteja presente, o cuidado de um filhote de gato pelos tutores se reduz a monitorar e limpar seu ninho. Não se preocupe, a mãe dele cuidará de todas as necessidades dele, então sua responsabilidade será apenas confirmar que ele não precisa de ajuda. Evite tocar nos pequenos ou intervir em seus cuidados, a menos que seja essencial, pois isso pode fazer com que a mãe os rejeite.
Claro, existem casos raros em que a mãe ignora seus filhotes ou sai do ninho sem motivo aparente, então ela deve intervir para cuidar dos bebês. Tenha cuidado e fique de olho nela se detectar um ou mais dos seguintes sinais:
- A mãe não lambe ou amamenta um ou mais de seus filhos.
- A mãe deixa seu ninho por muito tempo.
- Um ou vários jovens choram incessantemente.
- A mãe intencionalmente empurra um ou mais filhotes para o lado.
Como você pode ver, cuidar de um gato recém-nascido não é uma tarefa fácil, embora com bastante esforço possa ser alcançado com sucesso. No caso de você ter dúvidas sobre suas necessidades ou acreditar que não pode oferecer a eles todos os itens acima, é melhor que você relegue seus cuidados. Encontre uma pessoa experiente ou um abrigo para ajudá-lo. Lembre-se que a vida dele está em jogo, então não o coloque em risco.