Em maio de 2020, elefantes mortos começaram a aparecer no Delta do Okavango, Botsuana. A princípio eram cerca de 16 espécimes, mas em julho já eram mais de 400 indivíduos mortos. O nervosismo foi semeado entre as diferentes instituições públicas do país, porque não sabiam o que ou quem estava matando os elefantes.
Agora, quatro meses após o início desta catástrofe ambiental, os especialistas parecem ter encontrado o culpado por trás das mortes: uma cianobactéria.
Embora ainda haja muitas questões a serem esclarecidas, algumas medidas foram tomadas para que não morram mais paquidermes. Contamos-lhe tudo sobre o mistério resolvido dos elefantes mortos no Botswana!
Cyanobacteria, a causa de elefantes mortos
Cyanobacteria são os microorganismos fotossintéticos mais antigos do planeta Terra. Sendo os primeiros seres a realizar fotossíntese e liberar oxigênio, tiveram forte impacto na formação da atual atmosfera e biosfera.
Com uma história evolutiva extremamente longa, esses microrganismos têm estratégias para persistir apesar das mudanças no ambiente. Assim, sobreviveram a todas as variações geoquímicas e climáticas que a Terra sofreu nos últimos 3,5 bilhões de anos.
Hoje, como consequência das mudanças climáticas, as cianobactérias são capazes de formar crescimentos maciços em ambientes aquáticos e terrestres. Essas flores consomem todo o oxigênio e alteram as teias alimentares impedindo a passagem da luz.
Um dos maiores problemas desses microrganismos é que eles produzem toxinas que afetam o sistema nervoso dos animais e causam a morte.Juntos, eles representam uma séria ameaça à água potável e de irrigação, pesca e uso recreativo das águas superficiais em todo o mundo.
Como as cianobactérias entraram nas piscinas das quais os elefantes beberam?
As cianobactérias são encontradas em quase todos os ambientes onde há luz e oxigênio. A diferença é que eles estão em número muito pequeno e fazem parte do próprio ecossistema.
No entanto, quando as águas ficam estagnadas, nelas são despejados produtos que aumentam a matéria orgânica e também elevam a temperatura, formando o terreno perfeito para a floração.
Isto é o que tinha que acontecer nas piscinas das quais os elefantes encontrados mortos bebiam. Como dissemos, essas cianobactérias produzem neurotoxinas que, se não forem tratadas rapidamente, acabam com a vida do animal.
Por que as cianobactérias afetaram apenas os elefantes?
Outro dos grandes mistérios que cercam a morte em massa de elefantes é por que isso afetou apenas eles. Além dos paquidermes, muitos outros animais de diferentes espécies beberam daquelas águas e nenhum cadáver deles foi registrado.
Por outro lado, os necrófagos que se alimentaram dos corpos dos elefantes também não apresentaram sintomas de intoxicação, um evento no mínimo estranho.
Niall McCann, que pertence ao National Park Rescue, organização que tirou as fotografias e denunciou o caso dos elefantes, explicou em conferência de imprensa:
" As neurotoxinas podem afetar uma única espécie, até mesmo um único indivíduo, então é possível que essa toxina afete os elefantes devido a algum traço fisiológico ou anatômico específico que esses animais possuem."
Para testar a hipótese das cianobactérias, as toxinas devem ser isoladas dos corpos de elefantes mortos e comparadas com as encontradas em lagoas.De acordo com o veterinário-chefe do Departamento de Vida Selvagem de Botswana, as mortes pararam assim que as piscinas começaram a secar.
Além disso, elefantes moribundos com sintomas neurológicos foram tratados com tratamento antagônico e deram resultados muito positivos.
Embora ainda restem muitas dúvidas a serem esclarecidas, esta hipótese é a que tem mais valor até agora. Outras possíveis causas investigadas foram COVID-19, infecção por antraz, caça furtiva e envenenamento, mas todas foram descartadas.
Mudança climática como precursora de mortes
Se as mortes de elefantes como resultado de uma proliferação massiva de cianobactérias fossem finalmente confirmadas, a mudança climática seria o agente precursor de tudo o que aconteceu.
Existem centenas de investigações de mudanças nas populações de cianobactérias em todo o mundo, indicando que mudanças climáticas globais e regionais, poluição e perda de biodiversidade afetam as florações de maneiras que as aumentam.
Atualmente, você pode ver como os estragos do aquecimento global, entre outras causas antrópicas, estão causando mudanças na conformação da biosfera e de todos os seres que nela vivem, incluindo os humanos.
O surgimento de novas doenças mortais e a disseminação de outras patologias mediadas por parasitas estão na ordem do dia. Devemos mudar muito se quisermos continuar vivendo neste planeta.