A pandemia do coronavírus e seus efeitos sobre a vida selvagem

A pandemia de coronavírus não só constituiu um verdadeiro desafio para a humanidade (com centenas de milhares de infectados e sistemas de saúde no limite), mas também teve vários efeitos na vida selvagem.

Para o bem e para o mal, a pandemia causada pelo SARS-CoV-2 está mudando o mundo de várias maneiras. Vamos ver mais sobre isso abaixo.

A queda da poluição, um dos efeitos sobre a vida selvagem

O coronavírus foi detectado no final de 2019 na província de Hubei, na China. Em meados de janeiro, o governo tomou as primeiras medidas de contenção, isolando quase 60 milhões de pessoas.Isso foi seguido por uma paralisação temporária da indústria que afetou toda a nação asiática.

Tudo isso levou, segundo vários estudos, a uma redução de 25% nas emissões de CO2 da China, o que seria o equivalente a todas as emissões do Reino Unido durante um ano inteiro.

A redução da poluição, devido à pandemia, está tendo efeitos surpreendentes sobre a vida selvagem e pode servir de trégua para muitos ecossistemas ameaçados.

Embora esta breve paralisação faça pouco para reduzir o aquecimento global, há efeitos que já estão sendo vistos em outras partes do mundo. Alguns deles estão patentes na Europa, onde os golfinhos voltaram ao porto de Cagliari (Sardenha) na ausência de navios de cruzeiro.

Também na Itália, os canais de Veneza estão mais limpos do que nunca e cheios de vida, como mostram vários vídeos nas redes sociais.Isso nos mostra a enorme influência do ser humano sobre a natureza e como ela se recupera quando ela desaparece, mesmo que momentaneamente.

Tráfico de animais silvestres: uma ameaça à saúde e à biodiversidade

As autoridades de saúde suspeitam que o atual surto tenha se originado em um mercado de animais selvagens em Wuhan.

Por sua vez, o virologista Luis Enjuanes, pesquisador do CSIC, comenta que existe a suspeita de que o vírus tenha sido contraído por morcegos em primeiro lugar, como aconteceu com o surto de SARS em 2003.

Esses animais teriam sido então comidos por civetas-das-palmeiras (Paguma larvata) e, posteriormente, teriam sido caçados e preparados em um prato tradicional servido em algumas regiões da China.

Por isso, não há dúvida de que o maior efeito dessa pandemia no ambiente natural tem a ver com o comércio de animais silvestres. Na China, milhões de animais selvagens são despachados anualmente para alimentação.

Por todo o país asiático são servidos pratos feitos com animais silvestres, como sopa de morcego ou testículo de tigre, considerados iguarias. Também é evidente que a maior parte desse comércio de animais silvestres não é realizado em condições fitossanitárias adequadas.

Por outro lado, como na medicina tradicional chinesa alguns animais são considerados com propriedades curativas, como o pangolim (ameaçado de extinção) ou a civeta, eles continuaram sendo usados para fazer várias receitas, o que é um risco prática.

Alguns desses animais selvagens, como os morcegos, são reservatórios conhecidos de vírus.

A resposta: banimento comercial temporário

Em resposta a esta emergência de saúde, a China decretou a suspensão do comércio de animais silvestres em 27 de janeiro. Isso provocará a suspensão de uma indústria que movimenta bilhões por ano.

Além dos danos que causa à saúde humana, estima-se que quase 70% das infecções emergentes em humanos sejam provenientes de animais silvestres, afetando a biodiversidade terrestre.

De acordo com uma análise recente, cerca de 20% das espécies de vertebrados terrestres são compradas e vendidas no mercado global, legal ou ilegalmente.

Especialistas da Organização Mundial da Saúde, como o Dr. Ben Embarek (Departamento de Nutrição e Segurança Alimentar da OMS) apontam que, de fato, “estamos entrando em contato com espécies selvagens e seus habitats com aqueles de nós que não estavam lá antes." Portanto, as consequências disso serão imprevisíveis a longo prazo.

“Queremos evitar eventos semelhantes no futuro, com novos vírus s altando novamente de animais para humanos. Nesse sentido, faz sentido a longo prazo regular o comércio de animais silvestres, tanto por razões de conservação quanto de saúde pública, porque sabemos que há um risco constante de eventos dramáticos acontecerem novamente.”

–Dr. Ben Embarek, Departamento de Nutrição e Segurança Alimentar da OMS.

Outros especialistas e organizações ambientais falaram sobre isso. Em comunicado, o WWF agradece os esforços da China para reduzir o nível de demanda por animais silvestres e pede a cessação definitiva dessas atividades, pois prejudicam não apenas a saúde humana, mas também a biodiversidade global.

Em conclusão, podemos avaliar que o efeito da mortal pandemia de coronavírus no ambiente natural pode ser um incentivo para que o fim do comércio de animais silvestres se torne uma realidade.

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