Notícias terríveis para o mundo da conservação chegam quando funcionários da administração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decidem acabar com a proteção aos lobos cinzentos no país. Quais são os interesses da administração Trump? Por que eles se beneficiam de permitir a caça ao lobo?
Esses animais são fundamentais para manter o equilíbrio no ecossistema, devido ao seu papel como superpredadores ou espécies guarda-chuva. Os lobos impedem a proliferação de outros carnívoros mais generalizados e mantêm os rebanhos de herbívoros sob controle, fato que impede o desaparecimento de vegetação massiva em ambientes naturais.
Será que dar rédea solta à caça de lobos será um benefício para outras espécies, conforme anunciado pelas autoridades? Conheça as novidades abaixo!
O fim da proteção dos lobos nos Estados Unidos
No final de outubro de 2022-2023, o governo Trump realizou sua última ação contra o meio ambiente: acabar com a proteção federal aos lobos. Como consequência, A caça recreativa da espécie será permitida em três estados: Michigan, Minnesota e Wisconsin.
Funcionários do governo que deram carta branca a essa ação afirmam que as populações de lobos nas Montanhas Rochosas, nos Grandes Lagos e na região noroeste do país são suficientes para sustentar a espécie. De acordo com eles, eles não precisam estar em todos os lugares nem que deveriam povoar todas as regiões históricas.
Claro, essas declarações são totalmente desprovidas de base científica ou rigor. Segundo especialistas no assunto, como o ex-diretor do Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos Estados Unidos, Dan Ashe, estamos diante de uma ação mais política do que ecológica.
Esta decisão, tomada tão perto das eleições nos Estados Unidos, significaria ganhar votos importantes para a atual administração nesses três estados. Na verdade, estimou-se que atrairia eleitores rurais, como fazendeiros e caçadores. Felizmente, isso não parece ter feito muito bem.
Populações de lobos nos Estados Unidos
Os lobos cinzentos estão na América do Norte entre 50 e 60 milhões de anos. Quando os primeiros colonizadores chegaram ao continente, iniciaram sua expansão e, com ela, a eliminação de muitas espécies. No século 20, quase todos os lobos do território foram caçados.
Em 1920, o último espécime remanescente no macroecossistema do Parque Nacional de Yellowstone foi caçado, alterando quase irreversivelmente sua funcionalidade. Felizmente, entre 1995 e 1996, alguns lobos foram reintroduzidos no Parque.
Desde então, o restante das espécies do parque foi equilibrado e o número de herbívoros foi reduzido ao valor ideal que o ecossistema pode suportar - sem a necessidade de caça. Os resultados dessa reintrodução mostraram a necessidade dos ecossistemas terem espécies regulatórias.
Nem todas as gerações atuais sabem que o lobo cinzento esteve, uma vez, à beira da extinção nos Estados Unidos. Na década de 1930, o governo do país patrocinou campanhas de captura e envenenamento para tentar matar esses mamíferos fascinantes.
Até a década de 1960, apenas algumas populações de lobos permaneceram no país, em regiões como as Montanhas Rochosas ou nas áreas do noroeste. Foi então que, naqueles anos, começaram a surgir proteções federais para salvar o lobo e impedir sua caça.
Na década de 1970, o lobo foi finalmente considerado uma espécie criticamente ameaçada de extinção, exceto nesses três estados -Michigan, Minnesota e Wisconsin-, onde parece que seus habitantes ainda buscam uma maneira de não ter lobos em suas terras.
O futuro do lobo cinzento após a perda de proteção
Embora as novas regulamentações recaiam apenas sobre os três estados mencionados, quando isso ocorreu em outros momentos da história recente, todas as populações de lobos foram afetadas.
Ao restringir os regulamentos federais, os caçadores ilegais parecem tomar ainda mais liberdades e vão caçar o lobo em outras áreas geográficas. Isso já aconteceu, por exemplo, em 2014, quando as proteções federais foram reduzidas.
O que esta notícia chocante deixa claro é que muitos governos são capazes de brincar com o meio ambiente para conquistar eleitores. A ciência já demonstrou a importância e o papel fundamental desse tipo de espécie e, mesmo assim, muitos políticos ignoram as indicações dos especialistas.
Agora, os governos devem buscar as estratégias necessárias para que lobos e humanos possam coexistir. A solução não é suspender as restrições, mas ensinar a população a respeitar a natureza para que não sejam necessárias em primeiro lugar.
