Tubarão-águia: um fóssil de 93 milhões de anos

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Anonim

Hoje, a maioria das espécies de tubarões são muito semelhantes entre si, com hábitos predatórios marcados e formato de torpedo. Um estudo publicado este ano na revista. Ciência descreveu uma nova espécie, chamada tubarão-águia ou Aquilolamna milarcae, cuja existência indica que nem sempre foi esse o caso.

Este estranho animal marinho viveu 93 milhões de anos atrás no atual Vallecillo, no México. Os fósseis desta criatura aquática foram preservados de forma excelente - o que é muito raro para os tubarões - e apresentam uma morfologia única.

A descoberta do tubarão enguia lança uma nova luz sobre a biodiversidade passada de elasmobrânquios, habitantes das marés antes da chegada dos humanos ao planeta. Se você quiser saber mais sobre ele, continue lendo.

Características do tubarão-águia

Este antigo chondrichthyan se destaca por sua aparência completamente incomum. Apesar de ser um tubarão, várias de suas características lembram as arraias atuais.

O corpo de Aquilolamna é alongado, hidrodinâmico e em forma de tubo, como ocorre em outros tubarões. Também termina em uma barbatana caudal heteroclose, consistindo de um lobo superior mais longo e um lobo inferior menor, ambos de formato triangular.

Sem dúvida, o aspecto mais marcante do tubarão-águia são suas gigantescas barbatanas peitorais, que nos tubarões modernos são bastante pequenos. Enquanto esse animal media 1,65 metros da cabeça à cauda, a envergadura de suas nadadeiras chegava a 1,9 metros.

Essas barbatanas peitorais, finas e extremamente longas, terminavam possivelmente em ponta. Elas lembram uma espécie de asas aquáticas, daí o nome que o animal recebeu.

Curiosamente, Aquilolamna Não parece ter o resto das barbatanas típicas de tubarões. Este estudo, publicado na prestigiosa revista Ciência, não encontrou nadadeiras dorsais - o triângulo característico do dorso - nem nadadeiras pélvicas, que estariam localizadas abaixo e mais próximas da cauda.

A cabeça deste animal é curta e romba, com uma boca larga, bem afastada da cabeça pontiaguda que é mais comum hoje em dia. Nenhum dente foi encontrado, sugerindo que eles estavam faltando ou eram muito pequenos.

O tubarão-águia era uma reminiscência de alguns raios atuais.

Modo de vida e evolução

Como já mencionado, a aparência desse animal lembra a das arraias atuais. Sua ecologia e modo de vida também eram tremendamente semelhantes.

É possível que o tubarão-águia tenha nadado movendo suas nadadeiras em uma espécie de vôo subaquático, como fazem as mantas. Ele também era capaz de nadar lentamente impulsionando-se com a cauda. Nesse caso, as barbatanas peitorais seriam apenas grandes estabilizadores de motor.

Além disso, o formato da cabeça, ausência de dentes e natação lenta indicam que este animal não era um predador. O tubarão-águia se alimentava por filtração, pois abria a boca para engolir grandes quantidades de plâncton, assim como os tubarões-baleia, os tubarões-frade e, claro, as arraias.

Apesar das semelhanças, o tubarão-águia não tinha parentesco com mantas ou outros batóides. Este é um exemplo de convergência evolutiva: os dois organismos são semelhantes e ocupam o mesmo nicho ecológico, mas chegaram a esse ponto por seguir caminhos independentes.

Aquilolamna desapareceu há 66 milhões de anos, na extinção do Cretáceo-Paleógeno. Mantas e outros condrichthyans alimentadores de filtro eles começaram a aparecer cerca de 30 milhões de anos depois.

A descoberta do tubarão-águia

Aquilolamna foi encontrado em 2012 nas pedreiras de calcário de Vallecillo, no México. Essas áreas são famosas em nível arqueológico, pois abrigam um grande número de fósseis impressionantes.

Curiosamente, este fóssil retém a maior parte do esqueleto, mas não os dentes. O comum entre os tubarões é exatamente o contrário: apenas os dentes tendem a se fossilizar, já que são as únicas partes ósseas. O resto do esqueleto é cartilaginoso e geralmente não é preservado.

Tanto que, até hoje, a taxonomia dos tubarões é amplamente baseada nos dentes. Como este espécime não os apresenta, é muito difícil determinar sua classificação exata. Para descobrir, mais estudos serão necessários.

Por outro lado, essa descoberta também indica que outros fósseis de tubarões podem ser mais estranhos do que o esperado. Como apenas os dentes são conhecidos, é impossível adivinhar como seriam em vida. Deve-se notar que até mesmo o aparecimento de animais tão famosos como o megalodon é desconhecido.

Uma obtenção duvidosa

Embora este artigo tenha fornecido informações novas e muito significativas, também traz considerações éticas desagradáveis. O estudo de fósseis de países de baixa renda tende a envolver práticas colonialistas e exploradoras, algo muito desaprovado na sociedade atual do ponto de vista ético e moral.

Esses países implementaram leis para combater essas práticas e evitar o saque de seu patrimônio cultural e paleontológico. Ainda assim, um mercado negro muito lucrativo de comércio de fósseis surgiu em resposta a essas proibições.

Alguns autores indicam que o fóssil do tubarão-baleia poderia ter sido obtido de forma duvidosa., aproveitando brechas legais, violação de códigos éticos e dispensando colaboração com cientistas nativos. Sem dúvida, isso destaca a parte mais escura da paleontologia no Ocidente.

Seja como for, a descoberta desse animal foi uma revolução para a comunidade científica no campo da evolução. Sua existência mostra que, na verdade, sabemos muito pouco sobre o modo de vida e a aparência dos peixes que outrora habitaram nossos mares.