O que tornou os dingos selvagens?

Se existe um exemplo de espécie que voltou a ser domesticada e feralizada são os dingos. Esses canídeos australianos descendem de ancestrais domésticos e voltaram a viver livres após se separarem dessas populações, tornando o processo digno de estudo.

É o que têm feito os autores do artigo apresentado neste espaço, interessados nos processos de fertilização. Mas como isso aconteceu nos dingos? Vamos conferir, é muito interessante. Não perca.

O que é fertilização?

Em primeiro lugar, o mais importante é entender o processo que tornou os dingos selvagens há milhares de anos. E é que algumas espécies domesticadas são capazes de retornar ao seu ambiente natural e sobreviver, evoluindo de forma diferente do que eram.

No entanto, esse processo evolutivo não é a reversão da domesticação, mas sim um avanço totalmente novo: a feralização. Ou seja, no caso dos dingos, eles não voltaram a se parecer com seus ancestrais selvagens, mas seu fenótipo sofreu novas mudanças que permitiram sua adaptação ao ambiente selvagem.

Outras espécies também passaram por um processo de fertilização, como é o caso das galinhas de Kauai (Havaí), sobreviventes dos furacões e cruzadas com populações selvagens.

O que deixou os dingos selvagens?

Embora se suponha que o dingo (Canis lupus dingo) tenha sofrido feralização devido a certas características, a verdade é que as suas origens são incertas. Sabe-se que, há cerca de 8.300 anos, cães de aldeia indonésios foram transportados para a Austrália, ficando assim isolados de sua população original.

Durante esses 8 milênios, os dingos tiveram tempo de se adaptar ao seu novo lar e conseguiram sobreviver nele.Por não cruzar com espécies nativas ou ter contato com seus ancestrais, aos poucos seu genoma foi se modificando até ficar claramente diferente desses cães de aldeia.

Portanto, uma espécie de canídeo, já modificada pela ação humana, evoluiu novamente para se adaptar a novas condições de sobrevivência, desta vez (e novamente) na natureza. Abaixo, informamos quais evidências o artigo que mencionamos encontrou.

O estúdio

Interessados no que tornava os dingos selvagens, uma equipe de pesquisadores partiu em busca das origens dessa espécie e fez uma comparação entre os genomas de duas espécies: o Canis Lupus dingo e o Canis lupus familiaris. Desta forma, as mudanças fenotípicas diferenciais entre um e outro foram relacionadas. Além desta última, o estudo realiza análises filogenéticas e demográficas. Vamos ver os resultados.

Filogenia e resultados demográficos

Os dados obtidos nesta seção demonstram que os dingos se originaram de cães domésticos no Sudeste Asiático. Esses cães migraram para a Austrália transportados por humanos há cerca de 8.300 anos, iniciando novamente um processo de seleção natural (em oposição à artificial realizada por nossa espécie).

Isso deu origem a uma série de características curiosas, algumas resultantes da domesticação e outras da feralização. Vamos vê-los abaixo:

  • A aparência do dingo é mais parecida com um cão doméstico do que com um lobo.
  • F alta as expansões do locus alfa-amilase que os cães adquiriram para processar o amido.
  • Ele também lembra o lobo em suas técnicas de caça, permitindo que eles derrubem presas maiores que eles.

Resultados de estudos genéticos

Para esta seção do estudo, os genomas de 10 dingos e dois cães de aldeia da Nova Guiné foram sequenciados. Essa análise mostrou que de 50 genes modificados por seleção artificial em humanos, 13 mudaram em relação aos cães.

Ou seja, esses 13 genes são o que torna os dingos selvagens. O neurodesenvolvimento, o metabolismo e a reprodução produzidos por essa diferença genética deram origem a uma espécie totalmente diferente. Seria, em síntese, o resultado atual da adaptação dos cães domésticos a um ambiente diferente e selvagem.

A adequação do dingo para estudar fertilização

Existem muitas espécies que, ao longo dos milênios, acabaram sendo fenotípica e geneticamente diferentes de seus ancestrais. No entanto, raramente é feito por fertilização, uma vez que os animais criados pelo homem para exploração muitas vezes não conseguem sobreviver na natureza.

O dingo, no entanto, possui duas características que o tornam ideal para o estudo desse processo. A primeira é que ele tem uma jornada de readaptação à natureza mais longa do que qualquer outra espécie animal (mínimo, estima-se, de 3.500 anos).A segunda é que, até apenas 200 anos atrás, os dingos e seus ancestrais domésticos foram completamente separados, evitando assim o cruzamento entre os dois.

Quando uma espécie selvagem cruza com seus ancestrais domésticos, torna-se difícil decifrar o processo de feralização com estudos genéticos.

Sabia dessa curiosidade sobre o dingo? A verdade é que cada espécie tem as suas surpresas, pelo que não é raro que os cientistas se interessem por cada uma delas. Neste caso, a evolução de alguns verdadeiros sobreviventes foi decifrada.

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