Idotea b althica é um crustáceo isópode pertencente à família Idoteidae. Até recentemente, seu papel na polinização de espécies de plantas marinhas era desconhecido. No entanto, um estudo recente liderado por pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisas Científicas da França demonstrou a importância do crustáceo para a reprodução dessas plantas aquáticas.
Anteriormente, pensava-se que o único meio de polinização das plantas era através do movimento da água. Atua como um vetor abiótico para o transporte de gametas masculinos para o órgão floral feminino.
No entanto, de acordo com os resultados do estudo, esses pequenos crustáceos contribuem e participam do ciclo reprodutivo de plantas aquáticas, como a alga vermelha Gracilaria gracilis. De acordo com o exposto, acredita-se que a polinização por animais começou no mar há mais de 800 milhões de anos, para depois evoluir e se transferir para a terra.
Conheça a seguir informações relacionadas a esse crustáceo e sua intervenção nesse processo biológico tão fundamental para a vida no planeta.
O crustáceo polinizador
A polinização é o processo pelo qual o pólen é transferido do estame ou órgão floral masculino para o estigma ou órgão floral feminino. Graças a isso, ocorre a germinação e a fertilização dos óvulos da flor para a produção de sementes e frutos. Em terra, o pólen é transportado principalmente pelas abelhas, que têm papel determinante ao participar de 90% da polinização das plantas.
A nível marinho, pode-se dizer que é este animal que faz o trabalho das abelhas nestes ecossistemas. O Idotea b althica é um crustáceo herbívoro de corpo oval que mede entre 10 e 30 milímetros de comprimento. Distribui-se por todo o Atlântico, principalmente no Mar Mediterrâneo, Mar Negro e Mar Vermelho.
Ele costuma viver fora d'água, embora também possa ser visto entre as algas encontradas em seu ambiente. Sua coloração é uniformemente verde ou marrom, com manchas brancas ao redor do corpo. As fêmeas são geralmente mais escuras que os machos.
Como influencia a polinização
Segundo o artigo científico “Pollinators of the sea: A discovery of animal-mediated fertilization in seaweed”, este crustáceo nadando entre algas masculinas fica impregnado com o esperma da planta, que transporta para outras algas femininas para produzir fertilização.Segundo os pesquisadores, essas algas vermelhas fornecem proteção e abrigo para o crustáceo, por isso é normal que pousem sobre elas.
Da mesma forma, esse processo ocorre graças ao fato de as plantas masculinas produzirem seus espermatozoides junto com uma substância pegajosa. Isso adere à cutícula desses pequenos animais e possibilita o processo de polinização.
Por outro lado, para corroborar essa teoria, esse grupo de pesquisadores tinha dois aquários. Em um deles, eles introduziram uma alga vermelha macho e uma fêmea a uma distância de 15 centímetros, juntamente com 20 espécies de crustáceos idotea b althica. No outro, como método de comparação, incluíram uma alga vermelha macho e uma fêmea, mas sem crustáceos.
Para surpresa dos pesquisadores, após 15 minutos do início do experimento, as algas fêmeas no tanque com crustáceos geraram grãos de pólen maiores em comparação com os do outro aquário. Da mesma forma, eles encontraram 20 vezes mais eventos de fertilização de algas em tanques contendo crustáceos.
Finalmente, ao observar esses crustáceos ao microscópio, espermatozóides da alga macho foram encontrados presos às suas extremidades. Graças a isso, foi confirmada a teoria inicial sobre o transporte de pólen e o papel desempenhado por Idotea b althica na reprodução dessas algas marinhas.