A cobra é um animal incrível. Possui adaptações para funcionar com muita agilidade no solo, nas árvores ou mesmo na água, apesar de não ter membros. Um caçador ousado com uma mandíbula versátil para engolir presas com facilidade. Assim, temos uma espécie que se destaca pela flexibilidade de abertura da boca, o que lhe permite engolir quase tudo. É a píton birmanesa.
Pertence à família Pythonidae, com cerca de 38 espécies. Seu nome científico é Python bivittatus. Embora há muito tempo fosse conhecida como Python molurus bivittatus, porque se pensava ser uma subespécie da píton indiana.Neste artigo, trazemos a você todos os detalhes das características gerais dessa cobra e por que ela pode abrir tanto a boca para engolir presas bastante grandes. Não perca!
Características da Píton Birmanesa
Essas pítons se destacam pelo tamanho e robustez, podendo atingir até 5 metros de comprimento e 100 quilos de peso. Eles são de cor clara, com manchas marrons e bordas pretas na parte dorsal do corpo. A região ventral é clara. Porém, em cativeiro, variedades sem essa aparência, mais pálidas com padrões amarelos e alaranjados, são muito comuns.
A píton birmanesa é nativa do continente asiático, mas foi introduzida na América do Norte por meio do comércio de animais de estimação. Hoje, permanece bem estabelecida como uma espécie invasora que afeta o ecossistema e a fauna natural da região.
No entanto, embora na Flórida tenha sucesso como espécie invasora, em seu local de origem é um espécime ameaçado de extinção.Assim, está na lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza na categoria vulnerável. As ameaças incluem comércio ilegal, degradação do habitat e caça e captura de indivíduos para uso na produção de alimentos ou para suas peles.
O que uma píton birmanesa come?
Como todas as outras cobras, esta píton é carnívora. Tem uma dieta geral, que inclui uma variedade de mamíferos, aves, anfíbios e répteis.
A píton não é venenosa, mas tem grande força. Também não vai atrás de sua presa, mas espera por ela de maneira furtiva até que ela se aproxime, para atacá-la e envolver seu corpo em torno dela, matando-a por constrição. Depois disso, ele os engole inteiros sem mastigar.
Essa cobra pode incluir em sua dieta mamíferos de grande porte como veados com mais de 50 quilos e outros animais, inclusive jacarés.
Por que a cobra birmanesa consegue abrir tanto a boca e engolir quase tudo?
Em geral, as cobras têm uma boa flexibilidade para engolir presas inteiras, algumas grandes, até maiores que elas. Isso acontece porque eles possuem um crânio formado por peças com articulações móveis, o que é conhecido como cinético. Entre essas peças temos os ossos da mandíbula inferior para dar flexibilidade.
Além disso, o tamanho dessas cobras, que podem atingir até 5 metros, com cabeça grande, são outros fatores que lhes conferem uma abertura bucal maior.
No entanto, o elemento mais importante que permite maior elasticidade é o tecido mole presente entre os maxilares. Essa pele é mais flexível, então sua distensão gera uma abertura bucal maior do que em outras espécies estudadas até o momento.Isso é detalhado em uma investigação publicada na revista Integrative Organismal Biology no ano passado (2021).
O estudo comparou a píton-birmanesa com outra cobra, a píton-arborícola-marrom (Boiga irregularis), que, embora tivesse mandíbulas mais longas, tinha uma abertura bem menor, com até 4 a 6 vezes de diferença, pois a a distensão de seus tecidos moles foi menor.
Esta cobra pode comer presas maiores
Como esperado, uma maior abertura da boca oferece uma clara vantagem, podendo ingerir presas maiores. Entre as vítimas destes ferozes predadores temos leopardos, antílopes, veados, cabras, javalis, jacarés, linces, garças azuis e outros. Assim, na Flórida, as cobras birmanesas estão matando a fauna nativa e danificando o ecossistema.
Dessa forma, a píton-birmanesa tem maior capacidade de abrir a boca, em comparação com outras espécies (como a píton-arborícola-marrom). Esse atributo vem de uma combinação de características, como tamanho da cabeça e do corpo.
Principalmente pela presença de tecidos moles intermandibulares que permitem maior extensão e flexibilidade. Habilidade que o torna um predador ainda mais temível, podendo consumir presas maiores.