Ubirajara jubatus: o dinossauro com crina

Hoje, muitas aves possuem estruturas marcantes e complexas, que desempenham um papel importante no comportamento social e reprodutivo, bem como na comunicação. O saco gular vermelho das fragatas pelágicas (Fregata menor) ou as penas dos pavões (Pavo cristatus) são exemplos claros disso.

Essas estruturas são caras de produzir, manter ou usar. Além disso, eles podem tornar a vida do animal difícil até certo ponto. Assim, eles servem como um sinal honesto da qualidade do indivíduo que os usa e são amplamente usados como sistemas de seleção de parceiros no mundo animal.

No entanto, essas estruturas dificilmente foram encontradas entre os dinossauros, pelo menos até recentemente. Uma investigação recente e controversa descobriu Ubirajara jubatus, um predador que os mostra com orgulho. Aqui nós contamos tudo sobre ele.

Características de Ubirajara jubatus

Ubirajara jubatus é uma espécie de compsognatídeo, uma família de terópodes cujos membros mais famosos são Compsognathus Y Sinosauropteryx. Como tal, é um dinossauro relativamente pequeno: tinha apenas 0,5 metros de altura e 1,40 metros de comprimento, incluindo a cauda.

Como o resto dos compsognatídeos, este dinossauro era bípede. Ele tinha pernas traseiras longas e poderosas, projetadas para correr. A cauda era extremamente longa, mais longa do que todo o resto do corpo combinado.

As patas dianteiras eram curtas, mas não ao ponto das de um tiranossauro. Esses animais agora extintos carregavam 3 longos dedos terminando em garras. O pescoço também era bastante alongado e a cabeça pequena, fina e afilada.

Penas e outros looks peculiares

Os aspectos mais impressionantes do antigo réptil estavam do lado de fora. Ubirajara jubatus estava completamente coberto de penas arcaicas, semelhante a um pássaro moderno. Às vezes liga proto-penas, essas estruturas eram filamentosas, mais parecidas com cabelos à distância.

Apesar disso, essas protopunhas nada têm a ver com pêlos reais, que só aparecem em mamíferos. Os braços e dedos do animal também estavam cobertos por eles, mas não carregavam penas desenvolvidas. Isso ocorre em dromeossaurídeos, pássaros e outros tipos de dinossauros alados.

Os filamentos eram especialmente longos atrás da base do pescoço, descendo pelas costas do animal. Estes formavam uma juba impressionante que poderia ser dobrada ou eriçada, graças aos músculos superficiais.

Esta juba é única entre os dinossauros, mas Ubirajara jubatus tem uma característica ainda mais estranha: um par de estruturas sólidas localizadas em cada ombro. O superior tinha cerca de 15 centímetros de comprimento e 4,5 milímetros de largura. O inferior, com 14 centímetros de comprimento e 2,5 milímetros de largura.

Essas "hastes" surgiram do mesmo ponto em cada ombro. É possível que eles se contraiam e se desdobrassem à vontade. Assim, eles podem desempenhar um papel importante na comunicação social e na reprodução do compsognatídeo.

Até o momento, nenhuma estrutura semelhante foi encontrada em outras formas de vida. Os autores do estudo, publicado em Pesquisa do Cretáceo em 2022-2023, eles apontam para a ave do paraíso de Wallace (Semioptera wallacii) como o caso mais semelhante.

Descoberta e polêmica por trás de Ubirajara jubatus

Ubirajara jubatus viveu no Brasil de hoje, cerca de 110-120 milhões de anos atrás. O fóssil foi encontrado no nordeste deste país, provavelmente por um trabalhador nas pedreiras de calcário da região. Depois disso, Foi adquirido por pesquisadores europeus em 1995 e transportado para uma coleção na Alemanha.

Nesta última etapa reside um grave problema, que tem gerado polêmica e levado à retirada do artigo da revista científica que o publicou. De acordo com a legislação brasileira, os fósseis do país são públicos. Sua venda para outros países é ilegal desde 1942.

Essa lei surgiu para combater a exportação excessiva de fósseis para a Europa ou América do Norte, o que priva os paleontólogos brasileiros a oportunidade de estudá-los e fazer suas próprias descobertas. Além disso, priva o Brasil e outros países semelhantes de manter seu patrimônio paleontológico.

Apesar dele, um profundo mercado negro leva os fósseis para fora do país há décadas. Essas relíquias costumam passar para as mãos de paleontólogos de países do Primeiro Mundo, que publicam suas descobertas sem contar com profissionais brasileiros. Os fósseis nunca voltam ao seu país de origem.

A resposta dos autores

A equipe por trás da descoberta de Ubirajara garante que o fóssil foi obtido sob autorização oficial, mas cientistas e instituições brasileiras questionam. Para eles, essa situação é muito frequente e conhecida. Eles pedem que uma investigação seja iniciada após este caso e que os fósseis ilegais sejam devolvidos.

Notavelmente, um dos paleontólogos por trás da descoberta, Dave Martill, é veementemente contra as leis brasileiras. Essas leis visam eliminar a longa história do colonialismo científico, mas, em sua opinião, são muito rígidas e dificultam a ciência.

De acordo com Martill, comprar fósseis os garante para estudo científico. Este autor esteve envolvido em outros escândalos semelhantes, envolvendo fósseis de origem duvidosa. O que mais, ele foi acusado de evitar colaborar com paleontólogos brasileiros.

Ubirajara simboliza o melhor e o pior da ciência. Por um lado, é uma descoberta fascinante que ajuda a reconstruir a história evolutiva do planeta. Por outro lado, ilustra as práticas antiéticas usadas em seu nome.

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