Cobra viperina: habitat e características

A cobra viperina ou cobra d'água faz jus ao seu nome, pois habita praticamente qualquer corpo de água doce que encontra em seu caminho. Ela é uma excelente nadadora e também uma boa atriz, capaz de usar um peculiar mecanismo de mímica para evitar ser presa. Além disso, embora sua aparência possa parecer perigosa, não produz nenhum tipo de veneno.

O nome científico dessa espécie é Natrix maura, faz parte da família dos colubrídeos (Colubridae) e é parente próximo da cobra de colarinho. Leia e saiba mais sobre esta atriz aquática.

Habitat da cobra viperina

Essa cobra é uma espécie de hábitos aquáticos, muito comum em toda a sua área de distribuição. É possível encontrá-lo na Espanha, Portugal, Suíça, África, França e Itália, além de ilhas como Sardenha, Maiorca e Menorca. Na África conseguiu conquistar áreas desérticas com alguns corpos d'água, enquanto sua presença nas ilhas se deve à introdução do homem.

Seu ambiente natural é formado por corpos de água doce de qualquer tipo, incluindo rios, lagoas, poças, pântanos e águas salobras. Este é o único requisito que a espécie precisa para sobreviver, já que a água é seu meio para caçar, se refrescar e se desenvolver.

Características da cobra víbora

É um réptil de porte médio e formato esguio, que atinge tamanhos de até 870 milímetros de comprimento. Sua cabeça é geralmente alargada e de formato quase triangular, bastante semelhante à de uma víbora.Na verdade, essa característica é fundamental para gerar o mimetismo batesiano, que serve como mecanismo de proteção contra predadores.

As escamas da espécie são quilhadas, ou seja, possuem um leve relevo semelhante a uma quilha. Além disso, os padrões de cores mantêm uma faixa escura, que cobre todo o corpo em um padrão zig zag. Embora isso seja característico desse organismo, existem algumas variantes que apresentam linhas longitudinais claras, constituindo outro morfotipo distinto conhecido como bilineado.

Em geral, seu corpo apresenta coloração verde-oliva, com manchas laterais branco-amareladas e ventre cinza-claro. Graças ao fato de sua pele ter uma grande variedade de formas, é possível identificar indivíduos por meio de fotografias, pois os padrões funcionam como “impressões digitais” para reconhecê-los.

Dimorfismo sexual

A serpente viperina apresenta acentuado dimorfismo sexual, o que é observado no tamanho corporal de seus espécimes.Dessa forma, as fêmeas acabam sendo maiores e mais pesadas que os machos, pois seu sucesso reprodutivo é maior à medida que seu tamanho aumenta. Em outras palavras, para produzir mais descendentes, a fêmea deve aumentar seu tamanho corporal.

No caso contrário, as caudas desses colubrídeos são maiores nos machos do que nas fêmeas. Isso se deve à presença do sistema reprodutor masculino ou hemipênis, que ocupam mais espaço na região da cauda, enquanto as fêmeas não os possuem. Com isso, fica fácil saber o sexo do espécime, pois basta observar a região cloacal (cauda).

Caráter e comportamento

Em geral, esses répteis são organismos ectotérmicos sociais que costumam sair da água para se deitar ao sol e se aquecer. Devido à sua ampla distribuição, eles podem se comportar de maneira diferente dependendo de onde vivem. Desta forma, em áreas quentes eles são muito ativos, mas em regiões frias podem apresentar um estado de diapausa por alguns meses.

Por outro lado, esses répteis demonstram um comportamento antipredador, que consiste em imitar cobras para deter seus inimigos. Para fazer isso, eles começam a se enrolar, inchar e assobiar, aproveitando sua grande performance para aparentar ser um organismo venenoso. Esta é apenas uma simples ameaça, pois apesar de tudo, eles não possuem nenhum tipo de veneno.

Modo Caça

Os corpos d'água são suas áreas favoritas, já que a cobra os utiliza para obter a maior parte de sua comida. Isso significa que eles são ótimos nadadores e, como não conseguem regular bem a temperatura, precisam desenvolver táticas detalhadas para caçar na água.

Por isso, eles usam dois tipos de estratégias, dependendo se a água em que estão é quente ou fria. Em situações iniciais, por não precisarem se preocupar em perder calor, perseguem suas presas até conseguir capturá-las.Neste último, ao contrário, eles perseguem suas vítimas esperando o momento certo para pegá-las, economizando energia e evitando se mover.

Uma vez que eles conseguem pegar sua comida, eles imediatamente a trazem para o continente para sufocá-la no ar. Dessa forma, as cobras não perdem tempo e aproveitam as condições ambientais para se alimentar.

Comida da cobra viperina

Sua dieta é composta por dois tipos de organismos, peixes e anfíbios, pois são os mais associados a corpos d'água. No caso de cobras jovens, elas também podem consumir invertebrados como oligoquetas, sanguessugas e gastrópodes.

A cobra viperina começa a engolir sua vítima começando pela cabeça. Isso ocorre porque geralmente é a parte mais larga do corpo e, portanto, a mais difícil de engolir. Além disso, no caso dos peixes, isso permite evitar problemas com as escamas, já que elas são inseridas na direção oposta ao seu corpo.

Em 2013, foi publicado um estudo na revista científica Acta Herpetológica que refere a existência de comportamento necrófago neste réptil. Desta forma, adiciona-se à sua dieta a possibilidade de consumir restos de animais mortos, pelo que é provável que esta espécie seja mais oportunista do que caçadora nata.

Reprodução da cobra viperina

As cobras viperinas são organismos ovíparos com reprodução anual que utilizam os meses de primavera para acasalar. Com essa intenção, o macho se coloca em cima da fêmea, batendo nela suavemente com a cabeça enquanto ambos entrelaçam suas caudas. Este processo pode durar de alguns minutos a horas e termina com a fertilização dos óvulos internamente.

Como nasce a cobra viperina?

A ninhada normal de uma fêmea consiste de 2 a 32 ovos, que têm um período de incubação de 45 dias. Nesse ponto, o tamanho da nova mãe é muito relevante, pois disso dependerá o número de ovos que ela poderá botar.

Uma vez eclodidas, durante os primeiros dias de vida as cobras viverão em contato direto com suas irmãs, formando galerias que posteriormente as ajudarão a resistir ao frio.

De acordo com um estudo da revista científica Scientific Reports, foi identificado que o processo de incubação tem um papel importante no comportamento da cobra. Isso implica que os filhotes podem ou não ser sociáveis, dependendo se são incubados em grupo ou solitários. Além do mais, isso pode até afetar seu crescimento e limitar suas habilidades físicas.

Estado de Conservação

A União Internacional para a Conservação da Natureza classifica esta espécie como Pouco Preocupante. Isso ocorre porque sua população permaneceu relativamente constante, apesar da destruição de seu habitat. Além disso, no caso de sua presença em ilhas, ficou comprovado que chegou por introdução e na verdade é um invasor do ecossistema.

No entanto, censos recentes observaram uma redução no número de espécimes e até mesmo em sua distribuição. Essa situação parece surgir como resposta à contaminação dos corpos d'água, fazendo com que o recurso essencial da cobra seja comprometido.

Da mesma forma, a contaminação por diversos materiais pode causar sérios problemas à sua saúde.

Um dos grandes problemas dessa espécie é a poluição das águas, algo que nem o homem conseguiu resolver. Isso deve servir de alerta, pois estamos em um ponto crítico ecológico, em que as decisões tomadas afetarão mais de um ser vivo. O problema da água é muito sério e isso nos lembra que dela não depende só o homem.

Você vai ajudar o desenvolvimento do site, compartilhando a página com seus amigos

wave wave wave wave wave