O cervo: uma espécie exótica invasora?

A introdução de uma espécie exótica invasora em um ecossistema é uma das ameaças mais significativas à sua biodiversidade. Por esse motivo, nos últimos anos, a preocupação da comunidade científica com essas "invasões" biológicas aumentou notavelmente.

Os mamíferos foram os primeiros organismos introduzidos em novos habitats, seja como gado, como animais de companhia ou como fonte de caça. A família Cervidae, por exemplo, é um dos grupos taxonômicos com maior proporção de espécies invasoras.

Um dos casos mais reconhecidos é o do veado-vermelho (Cervus Elaphus), que está entre as quatorze espécies de mamíferos invasores mais prejudiciais reconhecidas pela IUCN.

O cervo é uma espécie exótica invasora?

Devido ao seu valor como espécie de caça, o veado vermelho foi introduzido em países como Argentina, Chile, Austrália ou Nova Zelândia. Mas não só ele está nesta situação.

Pelo menos treze espécies de cervídeos foram introduzidas em diferentes regiões do mundo com o objetivo de aumentar as oportunidades de caça, enriquecer a biodiversidade local e como alternativa produtiva.

Apesar de serem animais herbívoros, são organismos alteradores do ecossistema invadido. Existem inúmeras evidências de que esses ungulados podem alterar a estrutura e dinâmica da flora local..

Eles fazem isso não apenas por meio de alimentos, mas também por meio de atividades associadas, como pisar, descascar, defecar, etc. Essas modificações podem ter um efeito cascata no resto do ecossistema, até mesmo alterando a composição da fauna.

A relação entre cervídeos e plantas é bem documentada no hemisfério norte, onde geralmente são nativas e coevoluíram juntas. Porém, suas interações com as espécies nativas onde são introduzidas são mais desconhecidas.

Na América do Sul, por exemplo, o veado é considerado prejudicial à ecologia local, pois compete com outros herbívoros e produz alterações na flora.

O veado-vermelho na Patagônia Argentina, um exemplo de introdução invasiva

Cervus Elaphus veio da Europa para a Argentina, a fim de repovoar áreas de caça e, assim, variar as espécies oferecidas. Isso começou no início do século 20, em La Pampa, e a partir daí foi introduzido em outras áreas, até cruzando a fronteira com o Chile. Assim, no final do século já havia populações em todo o país.

Até hoje, sua distribuição real não é conhecida com precisão. Sabe-se apenas que existem populações selvagens em províncias como Mendoza, La Pampa, Jujuy e Tucumán. Existem tantos outros núcleos em cativeiro, como é o caso de Buenos Aires ou Córdoba. Por isso, sua área de distribuição continua se expandindo, dispersando-se em populações silvestres e cativas.

Sabendo disso, é necessário enfatizar a importância do controle dessas populações para evitar maiores danos ao ecossistema. Será imprescindível fazer mapas de sua distribuição, conhecer a proporção homem-mulher e números populacionais e a partir daí tomar decisões sobre como manejar as populações e se é necessário recorrer às batidas.

Interação de herbívoros locais com esta espécie exótica invasora

As informações disponíveis indicam que não há uma sobreposição dietética significativa entre veados e outros mamíferos herbívoros. Não importa se eles são nativos, como o chinchillón (Lagidium viscacia) ou o guanaco (Lama guanicoe), ou exótico, como a lebre (Lepus europaeus).

Se é verdade que certos estudos determinaram que a dieta huemul (Hipocamelo bisulcus) e o veado-vermelho são semelhantes. Ou seja, eles podem entrar em conflito e isso afetar adversamente as espécies locais. Apesar de tudo, acabou por mostrar que o próprio gado doméstico pode ter um impacto maior no huemul do que o veado.

Interação com ecossistemas florestais

A presença do cervo vermelho nas florestas da Patagônia pode ser considerada um distúrbio relativamente recente. A abundância de suas populações é substancialmente maior do que a das espécies nativas.

O que mais, é uma doença crônica, em oposição a distúrbios esporádicos, como incêndios ou pragas de plantas. Os cervos demonstraram modificar substancialmente as comunidades florestais, reduzindo a cobertura do sub-bosque e modificando sua composição.

Mas, além dos efeitos diretos que qualquer herbívoro pode ter sobre a flora, existem os indiretos. Isso ocorre quando a população de veados altera o efeito que outra espécie tem sobre um terceiro. Infelizmente, os estudos realizados para detectar os efeitos indiretos sobre a relação flora-cervos na Argentina são escassos.

Sim, existem alguns relatos que mostram que o veado facilita a invasão de outras espécies exóticas concorrentes, impactando em espécies nativas (Relva et al., 2010).

O perigo de espécies exóticas

As espécies exóticas invasoras são espécies exóticas introduzidas artificialmente que conseguem se adaptar ao meio ambiente e colonizá-lo. O problema é que gerar um combate desigual em que as espécies nativas têm o poder de perder. Por quê? porque eles não evoluíram em contato com essas novas espécies. Desta forma, eles não conseguem acompanhar, eles são deslocados, morrem e se extinguem.

Nem todas as espécies invasoras atingiram intencionalmente os novos ecossistemas. Muitos o fazem acidentalmente por ignorância e negligência dos cidadãos. Foi o que aconteceu na Espanha, por exemplo, com a tartaruga da Flórida.

Para evitar este problema, aumentar a conscientização pública é fundamental. Como consumidores, nunca devemos adquirir animais de estimação exóticos ou plantas invasoras, pois essas espécies são atualmente a segunda causa de perda de biodiversidade no mundo segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).

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