A consciência é uma daquelas grandes questões sobre a mente. Todos podem falar sobre isso, até mesmo dar uma definição aproximada, e todos concordamos que existe e que temos um. Mas e o resto dos seres vivos? Os animais têm consciência?
Que um animal esteja ciente do que está acontecendo ao seu redor, inclusive dele próprio, é algo que há muito desperta a curiosidade dos humanos. Ao longo dos anos, a abrangência do termo "consciência" gradualmente ampliou seu espectro, atingindo espécies animais que nunca teríamos imaginado.
O que chamamos de consciência?
Consciência ou consciência é definida como a capacidade de não apenas processar os estímulos que vêm do ambiente, mas também de experimentá-los subjetivamente. Ou seja, um ser consciente não apenas vê um objeto, mas sabe que está olhando para ele.
Neurociência, procurando respostas no cérebro, encontrou uma base neurológica comum para a maioria dos animais em termos da capacidade de sentir e reagir emocionalmente a estímulos.
Por exemplo, em estudos comparativos entre mamíferos e aves verificou-se que ambos possuíam os mecanismos necessários para ter uma consciência subjetiva de sua experiência, portanto não era algo exclusivo dos mamíferos.
Tanto que, em 2003, na Francis Crick Memorial Conference -realizada na Universidade de Cambridge- a maioria dos neurocientistas assinou uma declaração afirmando que os animais não humanos são possuidores de consciência.

A consciência animal é comparável à humana?
Os primeiros estudos sobre a consciência animal foram baseados em testes feitos em crianças. O teste do espelho, criado por Gordon Gallup, é um dos mais famosos. Nesse experimento, o animal foi marcado com uma marca que só podia ser vista olhando no espelho.
Os animais que passaram no teste, principalmente grandes símios, apresentaram comportamentos característicos de auto-reconhecimento: tentaram remover a mancha, olharam-na de diferentes ângulos ou fizeram caretas.
O teste do espelho adaptado
O teste do espelho era o mais utilizado até que os críticos levantaram o seguinte: todas as espécies percebem o mundo da mesma forma que nós? A resposta é não.
Para dar um exemplo, um cachorro depende muito mais do olfato do que um ser humano para interagir com o ambiente, assim como um raptor baseia quase toda a sua percepção no sentido da visão, muito mais aguçado que o nosso.
Estas são algumas das espécies em que a existência de uma consciência foi demonstrada:
- Cães: Alexandra Horowitz modificou o teste do espelho para adaptá-lo ao olfato canino e descobriu que os cães passam mais tempo cheirando o cheiro dos outros do que o seu próprio.
- Corvos: A maioria dos pássaros baseia sua experiência na visão, assim como nós. Existem testes de vídeo mostrando como algumas espécies passam no teste do espelho.
- Golfinhos: Conhecidos por sua alta inteligência, os golfinhos estavam entre as primeiras espécies a passar no teste do espelho.
- Elefantes: Como os golfinhos, esses mamíferos sensíveis e complexos passaram no teste do espelho com pouca dificuldade.
- Peixe: Embora ainda sem interpretação, o bodião-limpador (labroides dimidiatus) apresentava comportamentos atípicos diante do espelho, o que não havia sido observado em interações sociais com outros membros da espécie.
Modificar o teste do espelho nos deu a chave que nós, humanos, precisávamos: você não pode cortar a percepção de todas as espécies pelo mesmo padrão. Este foi um avanço importante para a etologia e a demonstração de que a superioridade humana sobre o planeta é cada vez menos sustentada.

Então, os animais têm consciência?
Todas as evidências apontam para isso. Grupos de direitos dos animais abriram caminho com estudos mostrando que animais não humanos sentem dor, o que lançou as bases para a empatia por eles.
O caminho não para por aí: não só os animais demonstraram ter consciência, mas muitos deles mostram comportamentos e emoções tão semelhantes aos nossos - como um senso de justiça ou mesmo a compreensão da morte - que é impossível negar que eles podem ser tão sencientes quanto nós.