Classificada como uma das 7 maravilhas naturais do planeta, a Amazônia cobre quase 40% de toda a região sul do continente americano. Sua extensão abrange territórios de 9 países diferentes e abriga cerca de 10% da biodiversidade conhecida até hoje.
Neste artigo vamos explorar as características corporais, habitat, habilidades, hábitos alimentares, bem como a reprodução de algumas das espécies animais mais representativas da Amazônia. Não perca!
Amazônia, berço e lar da biodiversidade
Na maior floresta tropical do mundo existem cerca de 425 espécies de mamíferos, 427 anfíbios, 371 répteis, 1.300 aves e pelo menos 2.406 peixes.Isso é indicado pela pesquisa do Relatório de Avaliação da Amazônia 2021, onde é especificado que esses números são subestimações aproximadas da verdadeira riqueza da Amazônia.
Este relatório alerta quea taxa de descobertas de novas espécies de animais e plantas é bastante alta: uma a cada dois dias. A seguir, aprenderemos sobre alguns dos mamíferos, répteis, anfíbios e insetos, considerados os mais emblemáticos desta grande região do planeta, por suas peculiaridades e popularidade.
1. Golfinho rosa (Inia geoffrensis)
Também conhecido como boto ou roaz, é a maior e mais inteligente espécie de golfinho de água doce que existe. Na idade adulta podem atingir 2,5 metros de comprimento e 200 quilos de peso.
Ao contrário dos seus homólogos oceânicos, este cetáceo tem características físicas muito diferentes. Por um lado, sua cabeça é maior e seu focinho é muito mais longo e pontiagudo.Além disso, como suas vértebras cervicais não estão fundidas, eles podem virar a cabeça 180°.
O aspecto mais marcante dessa espécie é a coloração de seu corpo, com tons de cinza e, principalmente, rosa.Ao nascer, esses golfinhos são cinza, mas ficam rosa quando atingem a idade adulta. Embora a origem desse fenômeno não seja clara, a teoria mais aceita indica que é produto do desgaste da pele ao longo dos anos.
Seu habitat na bacia amazônica está localizado entre os sistemas fluviais do rio Orinoco e a parte alta do rio Madeira, na Bolívia. Alimenta-se de até 43 espécies diferentes de peixes, como piranhas, bagres e corvinas.
Devido à turbidez da água nessas áreas, os botos-cor-de-rosa localizam suas presas usando a ecolocalização. De acordo com um estudo no Journal of Experimental Biology, esses animais emitem ondas sonoras de curto alcance e alta frequência por meio de seus cliques.
Em relação à reprodução, as fêmeas dão à luz um único filhote, após 12 meses de gestação. O delfinato permanece com sua mãe por pelo menos 2 anos. Na natureza, sua expectativa de vida pode chegar a 30 anos.
2. Capivara (Hydrochoerus hydrochaeris)
É nada mais e nada menos que o maior roedor do planeta. É nativa da América do Sul e em outros lugares da região também é conhecida como capivara ou capivara. Pode crescer até 1,3 metros de comprimento e atingir pesos de 60 quilos.
Seu corpo é bastante robusto. Sua pelagem é longa, áspera e geralmente de cor marrom-avermelhada. Além disso, seus pés ligeiramente palmados, juntamente com sua capacidade de durar até 5 minutos debaixo d'água, fazem dele um ótimo nadador.
Tem predileção por habitar próximo a lagos, rios, brejos, manguezais e savanas tropicais. Esses animais também gostam de convivência: são bastante sociais. Na verdade, atingem grupos de até 100 indivíduos, principalmente nas estações secas.
Sua dieta é baseada em um amplo consumo de espécies vegetais como gramíneas, plantas aquáticas, arroz, flores e frutas diversas. A voracidade dessa espécie amazônica é evidenciada por sua capacidade de consumir até 8 quilos por dia.
Artigo da revista Neotropical Mammalogy defende que a capivara tem papel fundamental na manutenção da fertilidade do solo. Este roedor demonstra a sua eficiência como reciclador de azoto, ao eliminar este elemento através da urina, após a alimentação. Assim, ele devolve esse nutriente ao solo em apenas algumas horas.
Por outro lado, as capivaras têm a capacidade de se reproduzir durante todo o ano. No entanto, a maioria dos nascimentos ocorre nas estações mais chuvosas. O período de gestação é de cerca de 110 dias e a fêmea dá à luz de 3 a 4 filhotes por ano. Sua expectativa de vida na natureza é de cerca de 8 a 10 anos.
3. Anaconda (Eunectes murinus)
Este magnífico animal é endêmico da Amazônia, ou seja, sua distribuição é limitada a esta região. Vive nas bacias dos rios Orinoco, Putumayo, Amazonas, Paraguai e Alto Paraná. Também é encontrado em florestas tropicais, pântanos e savanas em países como Venezuela, Brasil e Colômbia. Pode medir mais de 10 metros de comprimento e seu peso pode ultrapassar 2 toneladas.
Este réptil tem uma dieta carnívora, que inclui grandes e pequenos mamíferos, aves e outros répteis. Apesar de não possuir veneno, caça suas presas por meio da constrição, que consiste em sufocar e exercer pressão sobre a caixa torácica de sua presa até esta sufocar.
A sucuri é uma nadadora muito habilidosa. Na verdade, prefere caçar suas presas na água, pois em terra fica um pouco lento. Embora não ataque instintivamente os humanos, pode fazê-lo como método de defesa.Da mesma forma, se se sentir ameaçado por qualquer outro predador, sem cores vivas como répteis venenosos, ele usa outra técnica de dissuasão: o ruído.
Nesses casos, a tática deles é se enrolar em uma bola e emitir sibilos estrondosos com a boca aberta. Graças aos seus grandes pulmões, os sons são altos e profundos. Dessa forma, consegue intimidar os predadores.
A gestação desta espécie dura de 6 a 7 meses. No final, a fêmea dá à luz ninhadas entre 20 e 40 filhotes. É um animal ovovivíparo, ou seja, incuba os ovos dentro do corpo, mas dá à luz cobras já desenvolvidas.
4. Jaguar (Panthera onca)
A onça é o maior felino das Américas e o terceiro maior do mundo, sendo superado apenas pelo leão e pelo tigre. Seu nome vem do termo nativo americano "yajuar" , que significa "aquele que caça com um único s alto" .
É um animal robusto e musculoso, cujo peso e comprimento podem chegar a 90 quilos e 180 centímetros, respectivamente. Tem um padrão de pelagem muito característico. É um manto dourado com manchas pretas que percorrem todo o seu corpo.
Esta espécie majestosa vive nas selvas tropicais e florestas úmidas da Amazônia, em países como Colômbia, Argentina e Brasil. Tem uma alimentação carnívora e entre suas presas preferidas encontramos a capivara, anta, queixada e, em algumas ocasiões, veados e vacas.
Além disso, ao contrário dos outros felinos, a onça-pintada tem grande afinidade com a água. Graças a isso, ele pode caçar outros tipos de animais, como peixes, tartarugas, jacarés e até anacondas.
Por outro lado, enquanto a maioria dos felinos mata suas presas por asfixia, mordendo seus pescoços, o Panthera onca tem um método único entre suas espécies: esmagar seus crânios.
Segundo artigo da revista Acta Zoológica Mexicana, a onça-pintada possui uma das mordidas mais poderosas do reino animal.Na verdade, a força exercida por seus caninos é estimada em 700 quilos, o suficiente para quebrar algo tão duro quanto os ossos temporais do crânio.
A gestação das fêmeas dura um período entre 93 e 105 dias. Na hora do parto é comum nascerem 2 filhotes, que ficam com a mãe até os 2 anos de idade.
5. Rã-cabeça-de-flecha (Dendrobatidae)
Dendrobatídeos são uma família de anfíbios composta por 203 espécies de sapos venenosos. Eles são conhecidos como pontas de flecha ou sapos de dardo. Segundo a lenda, os indígenas da Amazônia os esfregavam com suas armas para torná-los tóxicos.
Quando adultos, esses anfíbios mal atingem de 2 a 5 centímetros de comprimento, dependendo da espécie. Caracterizam-se por exibirem cores fortes e vivas na pele, com tonalidades que vão do laranja ao vermelho, amarelo ou azul.Este fenômeno é conhecido como coloração aposemática. É um método que alerta seus predadores sobre o veneno que está em seu corpo.
No entanto, esses componentes tóxicos não são produzidos pelos próprios sapos, mas obtidos pelo consumo de insetos como formigas, cupins e besouros. Assim explica uma publicação da revista PLoS One.
Essas toxinas ou alcalóides venenosos que os artrópodes possuem não têm efeitos nocivos sobre os sapos ponta de flecha, então eles se acumulam continuamente em sua pele.
Por outro lado, esta família de anfíbios é endêmica da América Central e do Sul, com maior presença na Amazônia colombiana e brasileira. Na verdade, a Colômbia é o lar do animal mais venenoso do planeta: o sapo dardo dourado.
Este pequeno anfíbio, com apenas 55 milímetros de comprimento, possui o alcaloide "batracotoxina" e tem a capacidade de gerar veneno suficiente para matar dez homens adultos.
Em relação à reprodução, os dendrobatídeos participam da criação dos filhotes. Este é um comportamento raramente visto entre os anfíbios. Além disso, ao contrário de outras rãs, as pontas de flecha são diurnas. Geralmente são encontrados em grupos de vários indivíduos.
6. Pirarucú (Arapaima gigas)
Este fóssil vivo é o segundo maior peixe de água doce do planeta. Sua existência foi registrada desde a época do Mioceno, há aproximadamente 23 milhões de anos.
Sua grande envergadura, que ultrapassa os 3 metros de comprimento e 200 quilos de peso, fazem do pirarucú um dos animais mais emblemáticos da Amazônia. Dentre todas as suas características, destaca-se pela capacidade de respirar o ar atmosférico.
Um estudo noThe Journal of Experimental Biology especifica que em certas épocas do ano, esse peixe é forçado a viver em águas com níveis muito baixos de oxigênio.Por causa disso, sua bexiga natatória evoluiu para um órgão, semelhante a um pulmão humano, dando-lhe a capacidade de assimilar o oxigênio da atmosfera.
Porém, como respirador obrigatório, o pirarucu não pode ficar debaixo d'água por mais de 10 a 20 minutos. Porém, quando em perigo, pode durar até 40 minutos.
Por outro lado, o pirarucú é encontrado na bacia amazônica de países como Equador, Brasil e Colômbia. A sua alimentação baseia-se em pequenos peixes que apanha abrindo a sua grande boca. Da mesma forma, possui a habilidade de pular fora d'água e caçar outras presas como pássaros, lagartos e até pequenos primatas.
Entre outras coisas, o que é conhecido como incubação oral ocorre nesta espécie. O macho carrega os ovos na boca e os defende de qualquer tipo de ameaça. Uma vez eclodidos, os filhotes são cuidados pelos pais, até atingirem a idade de se defenderem sozinhos.
7. Formiga bala (Paraponera clavata)
Este artrópode único ocupa a posição número 1 para a mordida mais dolorosa do reino animal. Na verdade, é considerado um dos insetos mais perigosos de toda a Amazônia. Com apenas 2,5 centímetros de comprimento, a formiga-bala pode infligir 30 vezes mais dor do que uma vespa. Segundo suas vítimas, a sensação de sua mordida é como levar um tiro.
Isso porque contém um peptídeo neurotóxico conhecido como “poneratoxina”, que tem ação direta nos receptores da dor. Também é capaz de bloquear a transmissão sináptica no sistema nervoso central. Além disso, esse veneno causa destruição das hemácias, eritema, edema localizado, sudorese, taquicardia e, em casos mais extremos, choque anafilático e paralisia respiratória.
Apesar disso, uma tribo amazônica conhecida como Sateré-Mawe, usa a formiga-bala como parte de um de seus ritos ancestrais, onde os jovens que entram na puberdade devem demonstrar sua coragem e masculinidade.
Esta cerimônia consiste em introduzir um número considerável de formigas em luvas tecidas com folhas de árvores. Posteriormente, são colocados em crianças com cerca de 9 anos de idade, para que resistam às picadas durante 10 minutos. Segundo a comunidade indígena, isso é feito com o objetivo de imunizar os jovens contra a toxina da formiga-bala, já que é comum receber seu ferrão na selva amazônica.
Este inseto em particular é encontrado nas florestas fluviais da Amazônia venezuelana, colombiana e brasileira. Alimenta-se de outros insetos como cupins e da seiva que emana das árvores. Sua estrutura social é composta por uma rainha responsável pela reprodução e diversas operárias que cuidam, sustentam e defendem o formigueiro.
Vamos proteger a Amazônia e sua grande diversidade
Segundo diversas organizações como a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), muitas das espécies que habitam a Amazônia estão em sério risco.De fato, na Lista Vermelha de espécies ameaçadas, elaborada pela referida organização, o boto-cor-de-rosa consta como animal" em perigo" de extinção.
Devido à destruição de ecossistemas, caça indiscriminada, contaminação de recursos hídricos e tráfico ilegal, animais como a onça-pintada tiveram sua população reduzida em quase 55% no último século.
Conseqüentemente, precisamos tomar conhecimento de um assunto tão importante. A Amazônia deve ser protegida e conservada por todos os povos que habitam este planeta. Pequenas ações como evitar a compra de animais silvestres podem fazer a diferença, cuidar dos recursos hídricos e rechaçar todo tipo de desmatamento na região.