Cobra bastarda: habitat e características

A cobra bastardaMalpolon Monspessulanus), também conhecida como "cobra bastarda", é um réptil da família Lamprophiidae. É a maior cobra da Península Ibérica e apresenta uma ampla distribuição, sendo também encontrada em áreas próximas a povoações humanas.

A proximidade de casas e a má fama que possui (visto que às vezes ataca aves domésticas) fazem com que as espécies que aqui nos preocupam sejam atacadas e perseguidas. Mesmo assim, é a cobra terrestre mais abundante na Espanha e uma das poucas - junto com a cobra cogulla (Macroprotodon cucullatus) - venenoso da península.

Habitat da cobra bastarda

Esta espécie tem distribuição perimediterrâneo, porque é encontrado em toda a Península Ibérica, no norte da África, no sudeste da França e no noroeste da Itália. Na Península Ibérica, a precipitação média anual dos seus habitats varia de 170 a 200 milímetros cúbicos e as temperaturas médias anuais situam-se entre 10 ºC e 18,5 ºC.

A cobra bastarda não aparece em áreas com mais de 90 dias de geadas por ano ou que apresentem temperaturas médias abaixo de 22 ºC em julho. Prefere áreas de matagal com cobertura média ou baixa e espaços abertos, por isso eÉ comum encontrá-lo em campos agrícolas, prados e até mesmo dunas.

Este réptil também costuma estar localizado em áreas próximas a assentamentos humanos, sejam estradas, jardins e paredes. Quanto à altitude, está entre o nível do mar e 2.160 metros em Sierra Nevada. Quanto mais ao norte estão suas populações, mais baixos são os ecossistemas que habitam.

Características da cobra bastarda

A cobra bastarda é a maior da Península Ibérica e da Europa, podendo atingir tamanhos de 2 metros de comprimento, embora exemplares de 2,5 metros tenham sido encontrados ocasionalmente. As fêmeas são menores e não costumam ultrapassar 1,5 metros.

Uma das características mais representativas da cobra bastarda é encontrada em sua cabeça. Acima dos olhos há escamas pré-ocular proeminente que se parece com sobrancelhas, o que dá a esta cobra uma aparência única.

Sua cauda é longa, fina e a cor dos machos adultos é uniforme e varia entre cinza claro, verde oliva ou marrom. A área ventral é amarelada. Em juvenis e fêmeas o desenho é mais variado nas cores, visto que apresentam preto, branco, cinza e marrom. Essa coloração permite uma maior camuflagem.

Caráter e comportamento

As cobras bastardas são diurnas e têm altas temperaturas corporais. O período de atividade geralmente vai de março a novembro, mas devido ao aumento das temperaturas devido às mudanças climáticas, os horários em que essas cobras podem ser vistas estão aumentando.

O pico de atividade diária é geralmente das 4 da tarde às 8. Essas cobras podem viajar distâncias de cerca de 42 metros por dia e os machos são territoriais.

Por outro lado, são cobras silenciosas que são mais agressivos na época de reprodução ou diante dos perigos. No caso de se sentirem atacados e encurralados, eles se levantam e emitem um silvo alto para intimidar seus agressores. Esta cobra pica se for apanhada e o ferimento que causa é doloroso, devido à inoculação do veneno.

Veneno da cobra bastarda

A cobra bastarda tem uma dentição opisthglyph. Esta conformação dentária é caracterizada por ter duas presas na extremidade da mandíbula presas às glândulas de veneno. Para inocular as toxinas, Essas cobras precisam morder a presa com força e mantê-la presa.

O veneno dessa espécie é neurotóxico e geralmente tem efeito analgésico, manifestando-se com sintomas como alteração da consciência e espasmos musculares, entre outros. Sua picada não tem importância clínica (exceto para reações adversas), pois não possui veneno altamente tóxico.

Picadas de cobras bastardas em humanos são muito raras, pois para que ocorra o envenenamento é necessário que a cobra pegue você e faça movimentos de engolir para inocular as toxinas. No caso de uma picada, os efeitos são geralmente locais e aparecem nas primeiras 6 horas.

Alimentando a cobra bastarda

São cobras consideradas euryphagas ou não muito seletivos na hora de selecionar suas presas (dentro de sua condição de carnívoros), portanto apresentam uma grande variedade de vítimas. A cobra bastarda se alimenta principalmente de répteis, pássaros e mamíferos.

Essas cobras não selecionam seu alimento, simplesmente consomem o que é abundante o tempo todo. Os répteis são geralmente a sua presa principal, especificamente o lagarto ocelado (Timon lepidus) e várias espécies de lagartos.

Os pássaros são o grupo menos capturado, já que as cobras bastardas tendem a pegar filhotes nos ninhos mais cedo do que os pássaros adultos. A presa muda com o tamanho dos espécimes, já que os recém-nascidos se alimentam principalmente de insetos e os maiores são capazes de pegar coelhos.

Reprodução da cobra bastarda

As cobras bastardas machos começam sua espermatogênese na primavera, portanto, a estação de reprodução começa entre maio e junho. Os machos costumam brigar e é comum vê-los pegos em uma bola.

A maturidade sexual ocorre mais cedo nos homens do que nas mulheres. Neste último, costuma ser atingido aos 5 anos de idade e com tamanho corporal superior ao dos homens.

A postura varia com o tamanho da fêmea e geralmente varia entre 4 e 20 ovos. Estes são depositados em locais úmidos e ensolarados (tocas abandonadas, sob pedras, sob troncos ou entre a serapilheira) e geralmente eclodem no final de agosto.

Estado de conservação

Segundo ele Livro Vermelho das Espécies, a cobra bastarda é considerada de "menor preocupação", mas apresenta vários perigos. Um dos principais são os abusos quando a cobra toma banho de sol nas estradas, além da perseguição direta do homem.

A fragmentação do habitat e o acúmulo de pesticidas e inseticidas nos tecidos e ovos também têm consequências graves a longo prazo para esta espécie. Além disso, por apresentarem maturidade sexual tardia, muitas fêmeas não chegam aos 5 anos de idade, portanto o número de exemplares reprodutivos tende a diminuir com o tempo.

Devemos lembrar a importância da cobra bastarda nos ecossistemas, tanto como controladora natural de pragas, quanto nas cadeias alimentares, uma vez que é alimento de múltiplas espécies. Preservá-la não é apenas uma questão de moralidade, mas de responsabilidade com o meio ambiente que nos rodeia.

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